12 de outubro de 2009

Uma medida da desigualdade


Gilson Luiz Euzébio

de Brasília


O Brasil apresentou um surpreendente resultado: o índice de Gini caiu 7,6% entre março de 2002 e junho de 2009, ou de 0,534 para 0,493. E continuou caindo, mesmo depois de a crise econômica chegar ao país. Isso quer dizer que a desigualdade de renda no Brasil, oriunda do trabalho, está diminuindo, embora o índice de desigualdade brasileiro não seja digno de um país civilizado, como definiu o presidente do Ipea, Marcio Pochmann. Qualquer número acima de 0,4 indica desigualdade acentuada. O índice ou coeficiente de Gini é uma medida de desigualdade desenvolvida pelo estatístico italiano Corrado Gini, em 1912. A escala varia de 0 a 1: quanto mais próximo de zero, menor o grau de desigualdade da sociedade. A aproximação de um indica uma sociedade com alto grau de desigualdade.
Como a escala mede as desigualdades, um melhor resultado pode ser alcançado com a redução da pobreza ou com a redução do conjunto de mais alta renda. Ou ainda com a combinação das duas situações. Isso foi o que aconteceu no Brasil: muitos pobres superaram a linha da pobreza graças ao crescimento da economia nos últimos anos, que gerou emprego e renda, e também aos programas governamentais de distribuição de renda. Na outra ponta, a crise econômica destruiu empregos principalmente na indústria, onde os salários são mais altos. Não é uma boa saída, porque o ideal é que os mais pobres passem a ter acesso à renda, e não que o ajuste seja feito também com a perda salarial dos mais bem situados na pirâmide social.
O ponto positivo para o Brasil foi a redução da pobreza: de acordo com o Ipea, quatro milhões de pessoas saíram da pobreza desde 2002. Mesmo assim, são ainda 14,5 milhões de pessoas vivendo com renda familiar per capita abaixo de meio salário mínimo por mês.
Outro indicador de bem-estar social é o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), utilizado pela Organização das Nações Unidas. Enquanto o índice de Gini avalia a desigualdade de renda, o cálculo do IDH leva em conta grandes temas como riqueza, renda per capita, educação e expectativa de vida. O IDH também varia de 0 a 1, mas quanto mais próximo de um maior é o grau de desenvolvimento econômico e melhor a qualidade de vida da população. No Brasil, o IDH tem melhorado devido aos avanços na educação e, também, aos programas sociais e ao crescimento econômico recente. Embora seja usado pela ONU na classificação dos países, o IDH serve também para medir as desigualdades entre estados e municípios. É um indicador para a definição das políticas públicas.

 

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http://www.ipea.gov.br/default.jsp

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