7 de outubro de 2009

Quem diria: brasileiro apoia restrições à imigração

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Quarta-feira - 07/10/2009

Levantamento destacado no Relatório de Desenvolvimento Humano diz que só 9% são a favor de liberar entrada de estrangeiros no país

Apesar de ser formada em boa parte por descendentes de estrangeiros —africanos, portugueses, italianos, espanhóis e japoneses, principalmente —, a população brasileira tende a defender restrições à imigração, mostra uma pesquisa destacada no RDH (Relatório de Desenvolvimento Humano) de 2009, do PNUD.

O levantamento aponta que 43% dos brasileiros são a favor de limitar ou proibir a imigração. Outros 45% dizem que o Brasil deve “permitir que as pessoas cheguem desde que haja empregos disponíveis”. Apenas 9% acreditam que se deve permitir a entrada de qualquer pessoa que deseje imigrar ao país — posição mais próxima da defendida pelo PNUD no relatório, que defende que poder decidir onde viver é uma liberdade crucial e que a entrada de estrangeiros geralmente aumenta o emprego e as taxas de investimento.

A posição dos brasileiros é parecida com a de outros países da América Latina — como Argentina e México, em que o apoio a regras restritivas é de cerca de 39% — e também de nações europeias como Espanha (cuja política de controle de migração já causou conflito com o governo brasileiro) e Itália. A imigração é rejeitada por 43% dos espanhóis e 42% dos italianos.

Esse sentimento dos brasileiros vai ao encontro da evolução das políticas do governo sobre imigração. O relatório do PNUD destaca que no Brasil e em outros países da América do Sul, como a Argentina, a chegada de imigrantes foi muito mais intensa até antes da Primeira Guerra Mundial. O Brasil, que no século 19 estimulava a imigração entregando terras aos estrangeiros, passou a retirar esses benefícios. No pós-guerra, o crescimento econômico na Europa fez cessar o fluxo dos que vinham ao Brasil.

“Na Argentina e no Brasil, a diminuição no número de pessoas nascidas no exterior deveu-se a uma diminuição no número daqueles que provêm dos países mais pobres da Europa, uma vez que esses mesmos países experimentaram um enorme crescimento no pós-guerra, ao passo que uma grande parte da América Latina estagnou”, diz o texto.

A partir dos anos 60, a migração passou a ser dos países em desenvolvimento para os países desenvolvidos. Em 1960, o Brasil tinha cerca de 2% de sua população formada por estrangeiros, a maioria de países desenvolvidos. Em 2000, essa taxa já seria pelo menos 2 terços menor.

O RDH afirma que, com exceção dos países do Golfo Pérsico, na maior parte do mundo os fluxos de imigração estão estabilizados. “No resto do mundo, contudo, a fração de pessoas nascidas no estrangeiro tem-se revelado estável ou em queda. Estas reduções são mais significativas na América Latina e Caribe, onde a migração internacional diminuiu para menos de metade”, aponta.

Migração interna

Se a presença de imigrantes estrangeiros tem diminuído no Brasil, a migração interna, de um Estado para outro, é destacada pelo RDH. O estudo aponta que a migração estimula o combate à desigualdade de renda. “Os estudos têm associado uma maior mobilidade de trabalho interna com a redução de disparidades de rendimento inter-regionais no Brasil, na Índia, na Indonésia e no México”, afirma. “Isto porque, com o aumento da mobilidade entre as duas regiões, os seus mercados de trabalho tornam-se mais integrados e grandes diferenças salariais tornam-se mais difíceis de manter”.

De acordo com o RDH, índios brasileiros que se deslocavam para outras regiões tinham uma considerável melhora na renda. Apesar disso, o documento destaca que é preciso garantir que as regiões de destino tenham infraestrutura suficiente.

O texto cita a construção da Barragem de Tucuruí, no Pará, que tirou de suas regiões cerca de 30 mil indígenas parakanã, asurini e parkateje. Assim como em casos ocorridos na Índia, o RDH alerta para riscos de os indígenas perderem bens, sofrerem com o desemprego, a escravidão para pagamento de dívidas, a fome e a desintegração social.

Redação revista eletrônica Oriundi

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