28 de outubro de 2008

"É PRECISO SALVAR A ECONOMIA REAL"

 

Número global de desempregados pode passar de 200 milhões

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) fez uma primeira estimativa do impacto da crise sobre a vida cotidiana das pessoas em todos os níveis da sociedade. O número global de desempregados poderá aumentar em 20 milhões, daqui ao fim de 2009 – ultrapassando o número de 200 milhões de desempregados no mundo pela primeira vez na História.

Juan Somavia*

Data: 28/10/2008

A atual crise atingiu duramente o setor financeiro. Quais as conseqüências para as pessoas e para a economia real? Desconhecemos a gravidade desta crise e sua duração. Mas sabemos que se não agirmos de maneira decisiva as conseqüências para milhões de pessoas e suas condições de vida e de trabalho serão profundas.
Diante da urgência, as propostas se destinarm a uma melhor regulação financeira e a um mecanismo de segurança global mais eficaz. Mas devemos nos projetar para além dos mercados financeiros. A crise não se sentiu apenas em Wall Street, mas nas ruas do mundo inteiro.
O mundo necessita de um plano de resgate econômico para todos aqueles e aquelas que trabalham, investem e asseguram o funcionamento da economia real. Com regras e políticas favoráveis ao trabalho decente e às empresas produtivas. Com o restabelecimento do liame entre produtividade e salários, entre crescimento e desenvolvimento. As pessoas devem reencontrar confiança numa economia que também funciona para elas. Essa mensagem é urgente.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) fez uma primeira estimativa do impacto da crise sobre a vida cotidiana das pessoas em todos os níveis da sociedade. O número global de desempregados poderá aumentar em 20 milhões, daqui ao fim de 2009 – ultrapassando o número de 200 milhões de desempegados no mundo pela primeira vez na História. As pessoas que trabalham na construção, na indústria automobilística, no turismo, na finança, nos serviços e no setor imobiliário serão as primeiras atingidas.
Além disso, o número de pessoas trabalhando e vivendo com menos de um dólar por dia poderá aumentar em 40 milhões e o de pessoas vivendo com 2 dólares por dia em 100 milhões. Por mais sombrias que sejam essas previsões, é temeroso pensar que se trata apenas de uma subestimação, caso os efeitos do desaquecimento econômico e da recessão que se aventam não forem rapidamente controlados.
Devemos concentrar nossa ação sobre as pessoas, as empresas, a economia real. Quatro eixos devem ser observados. O primeiro, restaurar a circulação do crédito. As medidas de urgência já foram tomadas ou estão sendo preparadas. Segundo, dar sustentação aos mais vulneráveis. Uma série de medidas estão ao alcance das mãos, da proteção às aposentadorias ao seguro desemprego, passando pela ajuda às PME (Pequenas e Médias Empresas), que persevera sendo o primeiro nicho de emprego. Terceiro, políticas públicas eficazes e uma regulação inteligente, que recompense o trabalho e a empresa. Nós estamos sofrendo os espamos de um sistema financeiro que perdeu o rumo no plano ético.
Devemos retomar a função primeira e legítima da finança, que é promover a economia real, emprestar aos empreendedores que investem, inovam, criam empregos, produzem. Retomemos o papel primeiro dos mercados financeiros: lubrificar a engrenagem da economia real.
Enfim, e isso é crucial, devemos relevar os desafios fundamentais subjacentes. Muito antes da crise financeira atual, nós já estávamos em crise. Uma crise marcada por uma pobreza maciça em escala mundial, de desigualdades sociais crescentes, de uma informalidade e de um trabalho precário em pleno avanço. Uma crise da globalização que trouxe benefícios consideráveis, mas que, para muitos, é desequilibrada, injusta e não-durável.
É urgente reencontrar um equilíbrio. Este passa pela sustentação das pessoas e da produção. É preciso salvar a economia real. Lembremo-nos de que as pessoas julgam sua vida e seu amanhã em função do seu percurso no trabalho. Mais do que nunca, devemos lutar para que as políticas públicas e os serviços sociais necessários estejam à altura da principal preocupação das pessoas: uma oportunidade justa de ter um trabalho decente.
Para manter abertas as economias e as sociedades, as organizações internacionais responsáveis devem se reunir em torno de um quadro multilateral para uma mundialização justa e duradoura. As negociações comerciais estão em pane; os mercados financeiros vacilam e estão à beira do colapso; a mudança climática está ocorrendo; toda refundação deverá encontrar um método para integrar as políticas financeira e econômica, social e ambiental no âmbito global. A crise das subprimes não será resolvida com políticas tímidas. O tempo é de audácia, de pensamento e ação inovadores, para responder aos imensos desafios que estão postos diante de nós.
* Juan Somavia é diretor geral da OIT (artigo publicado originalmente no jornal Le Monde, em 27 de outubro de 2008)
Tradução: Katarina Peixoto

25 de outubro de 2008

Brasil participa de eventos mundiais do Slow Food na Itália


Quinta-Feira - 23/10/2008

O açaí e outras frutas, além de pratos nacionais, estarão na Mostra da Agricultura Familiar do Brasil, montada no Salone del Gusto, em Turim, na Itália. Foto: MDA/Ubirajara Machado

A biodiversidade ambiental, cultural e social da agricultura familiar brasileira é destaque na Mostra da Agricultura Familiar do Brasil, montada com apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) no Salone del Gusto, que teve início nesta quinta-feira (23), em Turim. O evento é a maior feira mundial do movimento Slow Food aberta ao público e deve receber 250 mil visitantes até o próximo dia 27.

Nos cinco dias de atividades, serão apresentados 22 produtos genuinamente nacionais e de alto potencial gastronômico. Açaí, baru, guaraná nativo, pequi, pinhão e buriti são alguns dos frutos brasileiros entre outros produtos a serem  mostrados em quinze empreendimentos apoiados pela Fundação Slow Food para Biodiversidade. Outras informações sobre os produtos e exposiotores da feira, além de deliciosas receitas, estão no catálogo "Brasil no Salone del Gusto”, disponível para download no site

 http://www.slowfoodbrasil.com/content/view/253/95/.

Terra Madre

As atividades do Salone del Gusto ocorrem paralelamente à realização do Terra Madre, encontro mundial que funcionará, entre 24 e 27 de outubro, como um grande fórum internacional para discussão do papel da alimentação e seu impacto econômico, ambiental, social e cultural entre as pessoas. Mais de 150 países estarão representados neste debate, que terá a participação de aproximadamente 9 mil pessoas, entre pesquisadores, gastrônomos e palestrantes reunidos em Turim.

O secretário de Desenvolvimento Territorial do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Humberto Oliveira, participará da abertura oficial do Terra Madre, marcada para esta sexta-feira (24). Ele avalia que a participação do Brasil nos dois encontros demonstra o empenho do  Governo Federal em valorizar a produção tradicional do trabalhador rural. “Queremos combater a pobreza não apenas dando um prato de comida, mas valorizando culturalmente e economicamente as atividades do campo. Por isso, reconhecemos a importância do produtor brasileiro e trabalhamos para ver o homem do campo cada vez mais protagonista de seu destino”, afirma.

Cinqüenta e uma comunidades brasileiras participam do Terra Madre. Elas são constituídas por agricultores, criadores, pescadores e produtores artesanais de alimentos. O grupo tem características comuns ligadas à qualidade e sustentabilidade das suas produções. O Brasil também enviará 13 chefs de cozinha, 13 representantes de universidades e 15 estudantes do Movimento Jovem pelo Alimento (Youth Food Movement). Segurança alimentar, alterações climáticas, economia local, sementes e biopirataria, além da experiência do MDA no apoio à agricultura familiar, são alguns exemplos de temas a serem debatidos por esse Fórum Internacional.

Redação revista eletrônica Oriundi

A relação entre as finanças e a economia da produção e do consumo

 

Matéria da Editoria:
Economia
25/10/2008

PAUL SINGER

 

Para superar a crise financeira e impedir que ela lance a economia real em recessão, é essencial que o crédito seja restaurado, o que possivelmente exigirá uma intervenção efetiva do poder público nos bancos. Se os governos não fizerem isso, é provável que o dinheiro público injetado nos bancos seja entesourado, porque é o que todos os agentes privados fazem enquanto o pânico perdura.

Paul Singer

Data: 23/10/2008

O mistério do interrelacionamento entre as finanças e a economia da produção e do consumo
É nos momentos de crise financeira que a opinião pública se volta a este tema: como se interrelacionam o mundo financeiro com suas vicissitudes especulativas e o mundo da produção e consumo de valores de uso. São dois mundos distintos: no primeiro circulam valores monetários denominados genericamente de ativos porque são créditos, a cada um dos quais corresponde um débito (ou passivo); no segundo circulam bens e serviços que satisfazem necessidades de seres humanos, que por isso se dispõem a pagar para adquiri-los. Estes bens e serviços são mercadorias – produtos do trabalho humano destinados à venda, à troca por dinheiro - e neste sentido também são valores monetários. A diferença entre ativos e mercadorias é que os primeiros são valores virtuais, isto é, não satisfazem qualquer necessidade diretamente, ao passo que os últimos são valores reais, prontos para serem utilizados ou consumidos.
As finanças prestam serviços à economia real: recebem em depósito a poupança de famílias e empresas (sem falar dos governos) e lhes oferecem empréstimos. Serviços financeiros são basicamente de intermediação entre famílias e empresas que têm poupanças e outras que necessitam de dinheiro. As finanças recolhem o dinheiro sobrante das primeiras e o emprestam às últimas. Mas, sua atividade principal é emprestar a governos e empresas para que possam fazer investimentos. Embora as compras a prazo dos consumidores sejam importantes – sobretudo o crédito hipotecário - a maior parte dos ativos se destina a financiar investimentos do poder público e das empresas capitalistas, sobretudo de grande porte.
Além disso, boa parte da poupança captada pelas finanças são delas mesmas. A atividade financeira expandiu-se acentuadamente nos últimos decênios de globalização e neo-liberalismo, usufruindo de lucros extraordinários, parte dos quais alimentam as remunerações milionárias dos altos executivos financeiros. Uma parte crescente do capital total da economia capitalista globalizada gira no mundo financeiro e nas fases de alta dos ciclos de conjuntura usufrui de inegável hipertrofia.
São muitas as modalidades de empréstimos praticados pelas finanças: depósitos bancários, títulos negociados em Bolsas de Valores, emissões de títulos por governos, grandes empresas, companhias de seguros (apólices), emissão de cartões de crédito e de débito e assim por diante. O que efetivamente importa é que os intermediários podem emprestar mais dinheiro do que captaram do público ou de outros intermediários. Eles podem fazer isso porque gozam de crédito por parte do público que aceita em pagamento os ativos avalizados por bancos. É assim que funcionam os cheques e os cartões eletrônicos: são ordens de pagamento que o cliente do banco emite para que determinadas dívidas, que ele faz junto a lojas, restaurantes etc., sejam pagas pelo seu banco. A grande maioria das transações dos agentes da economia real é liquidada por meio de instrumentos chamados meios de pagamento emitidos por bancos. Só transações de pouco valor são liquidadas por meio da moeda oficial emitida pela Autoridade Monetária, que pode ser o Banco Central ou o Tesouro do governo nacional.
Os bancos ganham dinheiro fazendo empréstimos, pelos quais cobram juros. Os serviços que prestam aos depositantes só lhes dão despesas. Os bancos precisam dos depósitos porque eles constituem o lastro dos empréstimos que fazem. O Banco Central exige que os bancos comerciais mantenham um encaixe mínimo que serve para cobrir os saques dos depositantes. Os prestatários (que recebem os empréstimos) sacam rapidamente os valores acrescentados aos seus saldos para pagar os fornecedores de equipamentos, instalações, matérias primas etc. que são os elementos materiais de seus investimentos. Os fornecedores, por sua vez, depositam imediatamente o dinheiro recebido em seus bancos, quando o dinheiro não é transferido diretamente para suas contas. O que significa que o dinheiro utilizado pelos agentes da economia real para liquidar transações entre eles circula incessantemente entre os bancos, ou seja, no âmbito financeiro.
Quando todos os bancos, no afã de ganhar mais, ampliam os empréstimos a agentes da economia real, os depósitos de todos eles aumentam. O efeito importante é sobre a economia real, que se expande na medida em que os investimentos crescem, o que ocasiona a ampliação do emprego, da produção e do consumo. A expansão da economia real se auto-alimenta na medida em que desempregados conseguem trabalho, os gastos do público aumentam, o que suscita mais investimentos, mais emprego e mais produção.
O ciclo de conjuntura
A fase de alta do ciclo se origina mais frequentemente na economia real do que no âmbito financeiro. Ela é desencadeada geralmente por inovações tecnológicas de grande impacto sobre a produção e/ou consumo ou por mudanças institucionais, como a instauração de sistemas de previdência social, de assistência à saúde ou de transferência de rendimentos à população mais pobre. A realização de inovações tecnológicas exige investimentos vultosos, o que eleva as demandas de financiamento por parte das empresas. O mesmo se dá quando iniciativas governamentais de redistribuição de renda elevam os gastos de consumo de amplos setores da sociedade, o que também requer investimentos para ampliação da capacidade de produção dos bens e serviços consumidos por aqueles setores.
O crescimento da demanda por empréstimos normalmente evoca resposta favorável das finanças, que farejam oportunidades para bons negócios. É conhecida a tendência dos intermediários financeiros de agir como rebanhos: quando a alta cíclica da economia real acontece, todos os banqueiros se entusiasmam, convictos de que os riscos de que os empréstimos deixem de ser pagos tornaram-se insignificantes. Na medida em que as expectativas otimistas se revelam verdadeiras – os financiamentos são pagos pontualmente – o entusiasmo cresce até se tornar euforia. Microempresas, incapazes de oferecer garantias reais normalmente exigidas, acabam por receber empréstimos em função do seu potencial, representado algumas vezes por não muito mais do que uma boa idéia.
A euforia é contagiante. Ela pode ter começado na economia real e contaminado as finanças ou vice-versa. Seja como for, enquanto o potencial das inovações tecnológicas ou das mudanças institucionais não estiver esgotado, a fase de alta do ciclo se eleva cada vez mais, graças à interação simbiótica das finanças com a economia real. Até que ela bate num teto. Este pode ter por causa o esgotamento da capacidade de expansão da oferta de mercadorias, por falta de mão-de-obra ou de oferta de energia ou de capacidade de transporte e armazenagem ou de tudo isso em conjunto.
Outra origem do teto para a alta pode ser o esgotamento da necessidade das mercadorias cuja produção está em perene aceleração. Este foi o caso da bolha imobiliária, que está na origem da atual crise financeira. A demanda por habitação costuma ser grande, mas certamente não é infinita. A alta da atividade de construção tem elevado poder de irradiação por toda economia, na medida em que ela implica em procura crescente por material de construção, equipamentos e mão-de-obra, além de mobília, eletrodomésticos, objetos de decoração etc., etc.. Como a construção de casas e prédios é relativamente prolongada, quando o esgotamento da demanda se torna manifesto, a quantidade de construções em andamento está no auge. Interrompê-las pode ser extremamente custoso, mas levá-las a cabo implica em mais investimentos numa mercadoria que provavelmente se tornará invendável, a não ser por um preço muito abaixo do custo.
O estouro duma bolha imobiliária atinge em cheio as finanças porque imóveis são objetos privilegiados para a especulação, particularmente porque os investimentos parecem protegidos por elevada garantia material, qual seja, os próprios imóveis. Uma parte da intermediação financeira se especializa no financiamento hipotecário e quando a bolha atinge seu apogeu este setor atrai enorme quantidade de dinheiro, parte do qual é investida na especulação fundiária. Quando finalmente a oferta de residências ultrapassa a demanda solvável, o preço tanto dos terrenos como das construções despenca, acarretando grandes prejuízos não só aos investidores, mas também às instituições que os financiam. No caso da atual crise financeira, a peculiaridade é que, durante a alta, instituições financeiras fizeram empréstimos à população de baixa renda, que implicam riscos maiores do que os normais. Por isso os títulos de crédito destas operações recebem a classificação de subprime, o que significa algo como “abaixo dos melhores”.
Para poder vender estes títulos ao público sem deságio, as instituições os empacotaram com outros títulos de risco considerado menor, numa manobra conhecida como de diluição de riscos. A operação aparentemente foi um sucesso: títulos no valor de muitos bilhões de dólares foram incorporados às carteiras de ativos de numerosos bancos de investimento, não só dos Estados Unidos, mas também da Europa. Quando o ciclo imobiliário entrou em baixa, o preço das residências e o aluguel das mesmas sofreram forte queda, tornando desproporcionalmente onerosa a dívida assumida por milhões de famílias pobres. Em outras palavras, o prejuízo causado pelo estouro da bolha foi colocado sobre os ombros de quem menos podia suportá-lo. Os devedores deixaram de honrar suas dívidas, arriscando-se a perder suas casas e apartamentos, cada vez mais desvalorizados. Desta maneira o prejuízo bilionário da crise imobiliária voltou ao colo dos especuladores financeiros, que se mostraram igualmente incapazes de suportá-lo. Um grande banco estadunidense faliu e diversos outros foram provisoriamente estatizados, tanto na América do Norte como na Europa.
Crises que se originam no âmbito financeiro
Há crises que se originam no próprio setor financeiro, sem envolver inicialmente a economia real. Uma crise deste tipo ocorreu em 2000, nos Estados Unidos, por ocasião da grande euforia ocasionada pela criação da Internet e a conseqüente revelação de suas inegáveis potencialidades. A criação de empresas de informática muito lucrativas e capazes de expansão fulminante provocou uma corrida nas Bolsas de Valores por ações de firmas em setores de alta tecnologia. As ações passaram a se valorizar cada vez mais, proporcionando ganhos milionários aos especuladores institucionais – fundos de investimento, fundos de pensão, companhias de seguro etc. – e também a um crescente número de pessoas físicas, que passaram a arriscar suas economias neste jogo.
O Federal Reserve – o banco central dos Estados Unidos – resolveu intervir para deter a bolha, certamente para limitar as perdas quando seu inevitável estouro tivesse lugar. Para tanto, o Federal Reserve começou a elevar paulatinamente a taxa oficial de juros, encarecendo deliberadamente o crédito em geral. Esta ação levou meses, até que a taxa de juros para investimento praticamente ‘sem risco’ chegasse a um patamar que levasse investidores a preferir aplicações a juros em lugar de comprar ações, cujo rendimento depende da lucratividade da firma que as emite. A partir deste momento o volume de recursos aplicados em ações começou a diminuir, o que fez com que os seus preços passassem a crescer cada vez menos. Subitamente, o humor dos especuladores mudou inteiramente e um número cada vez maior deles começou a vender suas ações, tendo em vista aplicar o dinheiro em outros ativos. O que causou uma débâcle nas Bolsas, não só dos EUA, mas também do resto do mundo, com queda vertical das cotações.
Os prejuízos dos intermediários financeiros foram enormes, com a perda de trilhões de dólares no valor das empresas. Ficou evidente que as cotações haviam atingido níveis muito maiores do que a lucratividade destas empresas justificaria. O Federal Reserve imediatamente inverteu sua política, passando a reduzir também paulatinamente a taxa de juros, para tentar evitar que a crise das bolsas afetasse a economia real. Mas, apesar da notável agilidade do Federal Reserve, a economia real estadunidense entrou em recessão. O débâcle dos mercados de ações ocasionou fortes perdas aos fundos, cujos investidores passaram a conter seus gastos, o mesmo acontecendo com os milhões de particulares que arriscaram suas economias no jogo especulativo. E o crédito mais restrito e caro também impediu que muitos investimentos planejados fossem executados.
A queda na demanda dos consumidores e na realização de investimentos causou uma queda na atividade econômica, que foi enfrentada pela Autoridade Monetária mediante injeções de dinheiro, que ajudaram a financiar o setor imobiliário. A recessão de 2000/2001, agravada pelo ataque às Torres Gêmeas de Nova Iorque, foi superada pela persistente alta dos preços dos imóveis e a expansão da atividade construtiva, que constitui o pano de fundo da crise financeira começada em 2007 e que atualmente (2008) começa a afetar a economia real estadunidense e européia.
O inter-relacionamento entre as finanças e a economia real
Historicamente, as finanças modernas surgiram desde o século XIV, na Europa Ocidental para financiar os governos monárquicos, principalmente suas guerras e suas alianças matrimoniais. Em muitos países, os primeiros bancos eram oficiais, possuídos por autoridades nacionais ou locais. No Brasil, nosso primeiro banco foi criado por D.João VI no início do século XIX e permaneceu sob controle do governo imperial até a Proclamação da República, sendo a criação de bancos privados mal tolerada pelo poder público.
A conhecida propensão das finanças entrarem em crise, como vimos acima, provoca praticamente sempre uma forte intervenção estatal no setor, tendo em vista preservar a normalidade dos negócios financeiros e muitas vezes com o propósito explícito de proteger a economia real das emanações destrutivas da crise financeira. Em diversos países, todos os intermediários financeiros chegaram a ser estatizados e ficaram nesta condição por anos, até que algum governo resolveu reprivatizá-los..
Sem considerar o papel do Estado é impossível compreender o inter-relacionamento entre as finanças e a economia real. Atualmente, as finanças de cada país são constituídas majoritariamente por entidades privadas, mas sob controle e fiscalização do Banco Central. As finanças são quase sempre dominadas por um número reduzido de grandes entidades, que constituem complexos financeiros com atuação em quase todas modalidades financeiras, desde os bancos de varejo e os bancos de investimento atacadistas (que lidam apenas com grandes inversores) até as companhias de seguro, os fundos de investimentos, as companhias de cartões eletrônicos etc..
Com o advento da globalização financeira, produto da abertura total da circulação dos capitais sobre as fronteiras nacionais de numerosos países, o poder do Estado nacional sobre as finanças foi consideravelmente erodido, porque se algum governo nacional vier a tomar medidas que contrariem os interesses das firmas financeiras privadas, ele se defrontaria imediatamente com forte fuga de capitais para paraísos fiscais, que lhes garantem liberdade total de ação a custo muito baixo. Para que os governos nacionais possam recuperar o controle sobre o capital financeiro, a primeira medida teria que ser o restabelecimento do controle sobre a movimentação internacional dos capitais privados.
A economia real também é dominada por um punhado de transnacionais de grande porte. Para não ter de se submeter aos complexos financeiros, estas firmas criaram seus próprios braços financeiros, semelhantes aos complexos financeiros independentes. As estruturas das finanças e da economia real se assemelham, sobretudo em seus aspectos oligopólicos e transnacionais. Mas, a economia real é muito mais diversificada e é composta por um número muito maior de empreendimentos de pequeno porte do que o setor financeiro. Por isso, na maior parte dos países, a intervenção do Estado na economia real é mais dispersa e muito mais diversificada, consistindo em geral na concessão de incentivos e imposição de proibições de atividades que violam a concorrência, os direitos dos trabalhadores ou a preservação de recursos naturais não renováveis.
A economia real é instável e imprevisível por causa da ausência de qualquer tentativa de coordenação da produção e do consumo, distribuídos hoje em dia por milhares de mercados distintos. Tentativas de coordenar as ações de todas as empresas de determinado setor são consideradas formação de cartel e portanto ameaças à competição, o que é punível por lei. Decisões devem ser tomadas isoladamente por cada empresa, para que a competição nos diversos mercados seja livre.
Para tornar a economia real mais estável e previsível a cartelização de determinados ramos deveria ser não só permitida, mas fomentada e controlada pelo poder público, para tornar as decisões estratégicas das empresas mutuamente congruentes e portanto mais eficazes. O controle público teria por objetivo impedir que o ganho de eficiência seja apoderado apenas pelo segmento mais forte, mas compartilhado com todas as empresas da cadeia produtiva e com os consumidores dos produtos.
A instabilidade e imprevisibilidade do mundo financeiro são, em certa medida, reflexos destas características da economia real. Mas, no mundo financeiro a imprevisibilidade é condição indispensável para que possa haver especulação, que constitui a razão de ser de parte considerável (Bolsas de Valores e de Mercadorias) deste mundo. Isso faz com que a instabilidade e a incerteza quanto ao futuro, nas finanças, sejam muito maiores do que na economia real. Os ativos com que lidam as finanças, são contratos a serem executados num futuro, que no capitalismo é inevitavelmente incerto.
Além disso, há outra diferença entre as finanças e a economia real que torna a instabilidade e imprevisibilidade muito maior no âmbito financeiro: é que este está sujeito a ondas de otimismo ou pessimismo que arrastam o conjunto de operadores numa ou noutra direção, maximizando ganhos e perdas sempre que o rebanho muda bruscamente de direção. A especulação na economia real se funda mais em informações específicas sobre determinados setores de produção e consumo. Por isso, a economia real é menos propensa a se lançar inteira em ondas de otimismo ou pessimismo, provocadas por apreciações apenas subjetivas.
A crise financeira, por tudo isso, pode ser considerada inevitável, pelo menos enquanto a desregulação das finanças permanecer em vigor. A crise faz com que a prestação de serviços financeiros à economia real se contraia cada vez mais até cessar ao todo, a partir do momento em que a crise alcança a maior parte dos bancos e demais intermediários. O trancamento das fontes de crédito obriga as empresas que não dispõem de reservas líquidas abundantes a suspender o pagamento de suas dívidas e se a crise se prolongar elas acabam por falir. Os rombos deixados pelas falidas arrastam suas credoras à inadimplência por sua vez. Desta maneira, a crise financeira contamina a economia real, podendo lançá-la em recessão em pouco tempo.
Então, o que fazer?
Trata-se de circunscrever a crise financeira, num primeiro momento, para evitar que ela venha a paralisar a economia real. Uma eventual crise da economia real tem conseqüências sociais e políticas muito mais amplas porque ela começa por lançar no desemprego e logo mais na miséria uma parcela substancial da sociedade. Uma crise da economia real é muito mais difícil de reverter por medidas de Estado, porque não basta recuperar a confiança da população em determinadas instituições. Seria necessário criar novas atividades capazes de reinserir milhões de pessoas na economia mediante políticas de fomento e incentivo que somente poderão ser definidas por um processo prolongado de tentativa e erro. A grande crise de 1929 levou uma década para ser superada e mesmo assim graças ao “auxílio” de uma guerra mundial.
Como a crise da economia real não aconteceu ainda e tão pouco é fatal, partiremos do pressuposto de que é possível preveni-la desde que sejam adotadas políticas capazes de resolver em curto prazo a atual crise financeira e ao mesmo tempo lancem fundamentos de uma nova estrutura institucional capaz de evitar novas crises financeiras no futuro. Convém lembrar que o sistema monetário internacional implantado nos anos 1930, e consolidado e sistematizado na Conferência de Bretton Woods em 1944, livrou o mundo de crises financeiras internacionais por mais de 40 anos.
Ao contrário da política do governo de Bush, que se dispõe a resgatar os bancos falidos comprando seus créditos podres, e por isso sem valor, por preços que evitem a bancarrota gastando algo como 700 bilhões de dólares do erário público, o Estado deveria se apossar dos bancos falidos e só então reabilitá-los com recursos do tesouro. Se os governos não fizerem isso, é provável que o dinheiro público injetado nos bancos seja entesourado, porque é o que todos os agentes privados fazem enquanto o pânico perdura. Mas, para superar a crise financeira e impedir que ela lance a economia real em recessão, é essencial que o crédito seja restaurado, o que possivelmente exigirá uma intervenção efetiva do poder público nos bancos.
Uma vez superada a crise, uma reformulação em profundidade das finanças deveria ser pautada. Há bons argumentos a favor da estatização perene de todos os bancos que emitem os meios de pagamento do país, não só para preservar o meio circulante da especulação mas, sobretudo, para garantir os valores dos depositantes e fazer com que sejam aplicados onde são mais necessários do ponto de vista do interesse geral da sociedade. O que pode implicar numa governança participativa do novo sistema financeiro, com forte presença dos assalariados, trabalhadores da economia solidária, além dos setores empresariais de praxe.
Se as finanças fossem todas colocadas sob um comando unificado, elas poderiam controlar a economia real inteira, impondo-lhe diretrizes sobre o que e quanto produzir e consumir, de forma semelhante ao que foi feito nos países do ‘socialismo real’ no afã de planejar centralmente todas as atividades econômicas. Este não é um modelo que permitiria a paulatina construção duma economia socialista autogestionária. Em lugar dele algo como um parlamento econômico, composto por representantes eleitos dos diferentes modos de produção – capitalismo, pequena produção de mercadorias, economia solidária, economia pública local, regional e nacional etc.. – certamente seria mais adequado.
Finalmente, o mercado de capitais teria de ser reformulado, tendo em vista não só coibir a especulação, mas também reconstruir os laços entre o investidor privado e o empreendimento em que ele é sócio. Neste sentido, seria necessário retirar a presente “liquidez” dos investimentos, que hoje podem ser colocados numa firma e retirados depois num piscar de olhos e quase sem custos. Entre as idéias que me ocorrem uma seria limitar o número de sócios de cada firma, de modo que seja possível a cada um participar efetivamente da administração da mesma, pelo menos na condição de membro duma assembléia de acionistas com influência real sobre a empresa. Só assim, propostas de cogestão de empresas por proprietários, empregados e representantes dos clientes p.ex. poderiam ser viáveis.
(*) Paul Singer é economista, Secretário Nacional de Economia Solidária

http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=15322&boletim_id=479&componente_id=8426

22 de outubro de 2008

URBANIZAÇÃO DO ESPAÇO MUNDIAL E BRASILEIRO

 

URBANIZAÇÃO DO ESPAÇO MUNDIAL E BRASILEIRO - Síntese

A urbanização deve ser entendida como um processo que resulta em especial da transferência de pessoas do campo para a cidade, ou seja, crescimento da população urbana em decorrência do êxodo rural. Um espaço pode ser considerado urbanizado, a partir do momento em que o percentual de população urbana for superior a rural.

Sendo assim, podemos dizer que hoje o espaço mundial é predominantemente urbano. Mas isso não foi sempre assim, durante muito tempo à população rural foi superior a urbana, essa mudança se deve em especial, ao processo de industrialização iniciado no século XVIII, que impulsionou o êxodo rural nos locais em que se deu, primeiramente na Inglaterra, que foi o primeiro pais a se industrializar, e depois se expandiu para outros países, como os EUA, França, Alemanha, etc., a maioria desses países hoje já são urbanizados.

Nos países subdesenvolvidos de industrialização tardia, esse processo só começou no século XX, em especial a partir da 2ª Guerra Mundial, e tem se dado até hoje de forma muito acelerada, o que tem se configurado como uma urbanização anômala trazendo uma série de conseqüências indesejadas para o espaço urbano desses países. Atualmente até mesmo os países de industrialização inexpressiva vivem um intenso movimento de urbanização, é o que ocorre em países africanos como a Nigéria.

FATORES QUE CONTRIBUEM COM O ÊXODO RURAL

Existem dois tipos de fatores que contribuem com o êxodo rural, são eles:

a) Repulsivos: são aqueles que expulsam o homem do campo, como a concentração de terras, mecanização da lavoura e a falta de apoio governamental.

b) Atrativos: são aqueles que atraem o homem do campo para as cidades, como a expectativa de emprego, melhores condições de saúde, educação, etc.

Em países subdesenvolvidos como o Brasil, os fatores repulsivos costumam predominar sobre os atrativos, fazendo com que milhares de trabalhadores rurais tenham que deixar o campo em direção das cidades, o que em geral contribui com o aumento dos problemas urbanos na medida em que as cidades não tem estrutura suficiente para receber esses trabalhadores, com isso proliferam-se as favelas, aumenta a violência, faltam empregos, dentre outros problemas.

DIFERENÇAS NO PROCESSO DE URBANIZAÇÃO

Existem diferenças fundamentais no processo de urbanização de países desenvolvidos e subdesenvolvidos, abaixo estão relacionadas algumas delas:

a) Desenvolvidos:

· Urbanização mais antiga ligada em geral a primeira e Segunda revoluções industriais;

· Urbanização mais lenta e num período de tempo mais longo, o que possibilitou ao espaço urbano se estruturar melhor;

· Formação de uma rede urbana mais densa e interligada.

b) Subdesenvolvidos:

· Urbanização mais recente, em especial após a 2ª Guerra mundial;

· Urbanização acelerada e direcionada em muitos momentos para um número reduzido de cidades, o que gerou em alguns países a chamada macrocefalia urbana";

· Existência de uma rede urbana bastante rarefeita e incompleta na maioria dos países.

Obs. Nas metrópoles dos países desenvolvidos os problemas urbanos como violência, transito caótico, etc., também estão presentes.

AGLOMERAÇÕES URBANAS

A expansão da urbanização gerou o aparecimento de várias modalidades de aglomerações urbanas, além de termos que cada vez mais fazem parte de nosso cotidiano, abaixo definiremos algumas dessas modalidades e termos:

a) Rede urbana: Segundo Moreira e Sene (2002), "a rede urbana é formada pelo sistema de cidades, no território de cada país, interligadas umas as outras através dos sistemas de transportes e de comunicações, pelos quais fluem pessoas, mercadorias, informações, etc." Nos países desenvolvidos devido a maior complexidade da economia a rede urbana é mais densa.

b) Hierarquia urbana: Corresponde a influência que exercem as cidades maiores sobre as menores. O IBGE identifica no Brasil a seguinte hierarquia urbana: metrópole nacional, metrópole regional, centro submetropolitano, capital regional e centros locais.

c) Conurbação: Corresponde ao encontro ou junção entre duas ou mais cidades em virtude de seu crescimento horizontal. Em geral esse processo dá origem a formação de regiões metropolitanas.

d) Metrópole: Segundo Coelho e Terra (2001), metrópole seria à cidade principal ou cidade-mãe, isto é, a cidade que possui os melhores equipamentos urbanos do país (metrópole nacional), ou de uma grande região do país (metrópole regional)". No Brasil cidades como São Paulo e Rio de Janeiro são metrópoles nacionais, e Belém, Manaus, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Salvador, Recife e Fortaleza são metrópoles regionais.

e) Região metropolitana: Corresponde ao conjunto de municípios conurbados a uma metrópole e que desfrutam de infra-estrutura e serviços em comum.

f) Megalópole: Corresponde a conurbação entre duas ou mais metrópoles ou regiões metropolitanas. As principais megalópoles do mundo encontram-se em países desenvolvidos como é o caso da Boswash, localizada no nordeste dos EUA, e que tem como principal cidade Nova Iorque; San San, localizada na costa oeste dos EUA, tendo como principal cidade Los Angeles; Chippits, localizada nos grandes lagos nos EUA; Tokaido, localizada no Japão; e a megalópole européia que inclui áreas de vários países. No Brasil temos a megalópole Rio-São Paulo, localizada no sudeste brasileiro, no vale do Paraíba, incluíndo municípios da região metropolitana das duas grandes cidades, o elo de ligação dessa megalópole é a Via Dutra, estrada que interliga as duas cidades principais.

g) Megacidade: Corresponde ao centro urbano com mais de dez milhões de habitantes. Hoje em torno de 21 cidades do mundo podem ser consideradas megacidades, dessas 17 estão em países subdesenvolvidos. No Brasil São Paulo e Rio de Janeiro estão nessa categoria.

h) Técnopolo: Corresponde a uma cidade tecnológica, ou seja, locais onde se desenvolvem pesquisas de ponta. Como exemplo temos o Vale do Silício na costa oeste dos EUA; Tsukuba, cidade japonesa, dentre outras. No Brasil, temos alguns técnopolos localizados em especial no estado de São Paulo, como Campinas (UNICAMP), São Carlos (UFSCAR), e a própria capital (USP, etc.).

i) Cidade global: são as cidades que polarizam o país todo e servem de elo de ligação entre o país e o resto do mundo, possuem o melhor equipamento urbano do país, além de concentrarem as sedes das instituições que controlam as redes mundiais, como bolsas de valores, corporações bancárias e industriais, companhias de comércio exterior, empresas de serviços financeiros, agências públicas internacionais. As cidades mundiais estão mais associadas ao mercado mundial do que a economia nacional.

j) Desmetropolização: Processo recente associado à diminuição dos fluxos migratórios em direção das metrópoles. Esse processo se deve em especial a chamada desconcentração produtiva, que faz com que empresas em especial industrias, se retirem dos grandes centros onde os custos de produção são maiores, e se dirijam para cidades de porte médio e pequeno, onde é mais barato produzir, em função de vários fatores como, por exemplo, os incentivos fiscais. Hoje no Brasil cidades como Rio de Janeiro ou São Paulo não são mais aquelas que recebem os maiores fluxos de migrantes, mas sim regiões como interior paulista, o sul do país ou até mesmo o nordeste brasileiro.

k) Verticalização: Processo de crescimento urbano que se manifesta através da proliferação de edifícios. A verticalização demonstra valorização do solo urbano, ou seja, quanto mais verticalizado, mais valorizado.

l) Especulação imobiliária: Os especuladores imobiliários são aqueles proprietários de terrenos baldios no espaço urbano que deixam estes espaços desocupados a espera de valorização. Uma das conseqüências da especulação é a falta de moradias em locais mais bem localizados, fazendo com que as populações de mais baixa renda tenham que viver em áreas distantes do centro (crescimento horizontal), ou em favelas.

m) Condomínios de luxo e favelas: os dois estão aqui juntos, pois são fruto da segregação social e econômica que se vive nas cidades, sendo eles o reflexo espacial dessas. Os condomínios são áreas fechadas muito protegidas e bem estruturadas, onde em geral mora a elite; as favelas são áreas sem infra-estrutura adequada e com graves problemas como o tráfico de drogas, onde grande parte da população está desempregada, e a maioria dela é pobre.

TIPOS DE CIDADES

As cidades podem ser classificadas da seguinte forma:

a) Quanto ao sítio: sítio urbano refere-se ao local no qual está superposta a cidade, sendo assim a classificação quanto ao sítio leva em consideração a questão topográfica. Como exemplo temos: cidades onde o sítio é uma planície, um planalto, uma montanha, etc.

b) Quanto à situação: situação urbana corresponde à posição que ocupa a cidade em relação aos fatores geográficos. Como exemplo temos: cidades fluviais, marítimas, entre o litoral e o interior, etc.

c) Quanto à função: função corresponde à atividade principal desenvolvida na cidade. Como exemplo temos: cidades industriais, comerciais, turísticas, portuárias, etc.

d) Quanto à origem: pode ser classificada de duas formas: planejada e espontânea. Como exemplo temos: Brasília, cidade planejada e Belém, cidade espontânea.

15 de outubro de 2008

Site de Geopolítica

Site de Geopolítica

Bem interessante!!!!!

Lançamento de livro!

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Desafio brasileiro no manejo das águas

 

LUIZ SAMMARTANO

19-06-2008

O Brasil, país homenageado no segundo dia da Expo 2008, cujo tema é "Água e Desenvolvimento Sustentável", quer divulgar a riqueza de suas bacias hidrográficas e mostrar os desafios do país na despoluição e recuperação dos rios. A Exposição Internacional, realizada periodicamente em alguma cidade do mundo, este ano é sediada em Zaragoza, capital da comunidade autônoma de Aragão, no Norte da Espanha, de 14 de junho a 14 de setembro.

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Rio Juruena, afluente do rio Tapajós, no
Parque Nacional Juruena, em Mato Grosso
Foto: Zig Coch

O Brasil também quer mostrar a "participação cidadã" em sua política de águas, com o envolvimento de mais de 15 mil pessoas no processo de recuperação dos rios, em parceria com prefeituras e os conselhos das bacias. O diretor da Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente, João Bosco Senra, apresentará o Plano Nacional de Recursos Hídricos, elaborado em conjunto com diversos segmentos, interessados na gestão integrada dos recursos hídricos, entre governos, ONGs e a população.
Água para todos
No entanto, com cerca de 12% da água doce do mundo e compartilhando com outros países da América do Sul as bacias dos rios Prata e Amazonas, além dos aqüíferos, como o Guarani, o Brasil tem ainda muito que fazer em matéria de água.
De acordo com João Bosco Senra, 7% da população das áreas urbanas brasileiras não tem acesso a água de boa qualidade, porcentagem se sobe para 40% nas zonas rurais. Senra, que também é comissário-geral do Brasil na Expo 2008, explica que os principais desafios são levar água à população, tratar as águas residuais, para que não contaminem outros cursos d'água, e avançar no processo de recuperação dos rios, principalmente nas áreas urbanas e na costa. O representante do governo federal acredita que isso poderá acontecer a partir da conscientização sobre a importância do uso racional da água.
Cerca de 60 profissionais brasileiros participarão da Expo em Zaragoza, inclusive no fórum Tribuna da Água, que buscará soluções globais para a correta gestão dos recursos hídricos.

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O Brasil precisa tratar as águas residuais
para que não poluam outros cursos d'água

Transposição do Velho Chico


No dia 25 de junho, o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira, fará uma apresentação sobre a polêmica proposta de transposição do rio São Francisco. O projeto, orçado em R$ 4,5 bilhões, prevê a construção de dois canais que totalizam 700 quilômetros de extensão, o que irrigaria a região do semi-árido nordestino.
Os críticos da idéia argumentam que a transposição só ajudaria os grandes latifundiários, e que água seria retirada de regiões de demanda por água para uso humano e disponibilizada para a agroindústria. Ambientalistas afirmam que, se for concretizada, a obra ameaçaria o ecossistema do rio São Francisco.
Intercâmbio internacional
A Expo 2008 será um espaço de discussão e troca de experiência sobre o manejo dos recursos hídricos sob várias perspectivas: ambiental, energética, agrícola, turística, cultural, econômica e tecnológica. No total, 104 países e dezenas de empresas e ONGs participam do evento.
Entre pavilhões das nações, shows e manifestações culturais, debates e encontros técnicos, a Exposição Internacional de Zaragoza apresenta o maior aquário de água doce da Europa, com cinco mil peixes e 300 espécies da fauna característica de diversos rios do mundo, como o Amazonas.

Tags: bacias hidrográficas, desenvolvimento sustentável, despoluição, Expo 2008, Luiz Sammartano, meio ambiente, participação cidadã, transposição do rio São Francisco, Zaragoza,água

Cisternas democratizam água no Semi-Árido

 
Conviver com a seca a partir da captação da água da chuva do telhado

MÁRIO DE FREITAS E RAILDA HERRERO

20-03-2007

agua240e.jpgNo Nordeste do Brasil, há três milhões e trezentos mil domicílios na zona rural. Dois terços desse total, isto é, mais de dois milhões não têm água, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). São aproximadamente dez milhões de pessoas sem acesso à água potável.

Nesta região e em parte de Minas Gerais e Espírito Santo, onde predomina o clima semi-árido, o Programa Um Milhão de Cisternas(P1MC) é uma alternativa de sucesso para garantir água para milhões de pessoas beberem e cozinharem no período de seca.

No Semi-Árido há vegetação com os diferentes tipos de caatinga. A média de água da chuva anual é inferior a 400 milímetros em algumas áreas. No entanto, esta média de água da chuva quase dobra, se for considerada toda a região.
Em termos gerais o que há é a falta da distribuição da água. No Semi-Árido, em geral, a chuva cai, com fartura, durante cerca de quatro meses por ano, de novembro a fevereiro. Estas águas se perdiam e as dificuldades das famílias eram grandes nos oito meses de seca, antes do início do programa das cisternas.

Fim ao voto de cabresto
Políticos oligarcas sempre usaram e abusaram da falta de distribuição da água, garantindo o malfadado voto de cabresto, isto é, o controle do voto para dominar politicamente a região.Tradicionalmente, eles sempre definiram o local de construção de barragens, açudes e a distribuição da água através de carros-pipas, nas secas.

Programa Especial
Em 30 minutos, diversos beneficiados pelo Programa Um Milhão de Cisternas falam sobre a vida antes e depois das cisternas.
Especialistas locais e responsáveis pela implantação do programa numa área do sertão da Bahia, dão detalhes sobre o projeto, traçando um perfil do programa que está mudando uma das regiões mais pobres do Brasil.
Explicações sobre a construção e o funcionamento das Cisternas também estão nesta produção.


Clique para ouvir ou baixar
Parte 1 - 15 minutos

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Parte 2 - 15 minutos

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Clique em play para iniciar o vídeo sobre sistema de cisternas no Brasil

O P1MC está desestruturando esta política de controle da água no Semi-Árido. A partir do ano 2000 teve início o plano-piloto de construção das caixas de água para aproveitamento da água das chuvas que espalhou raízes por todo o Semi-Árido brasileiro.

Até o final de 2006, 170 mil cisternas foram construídas em mil municípios dos estados nordestinos e de Minas Gerais e do Espírito Santo, garantindo água limpa para 800 mil pessoas durante o período sem chuvas. O projeto prevê a construção de um milhão de cisternas até 2008.

Desenvolvimento para a região
José Coqueiro, coordenador do programa Casa, a Unidade Gestora da Articulação do Semi Árido (ASA) no sertão da Bahia, explicou o caráter de desenvolvimento integrado previsto no Programa Um Milhão de Cisternas e a importância da organização para seu sucesso. A ASA é uma rede de organizações da sociedade civil que atuam para promover o desenvolvimento social, econômico político e cultural da região.

A articulação é formada por mais de 750 organizações como sindicatos rurais, cooperativas de produção, igrejas católicas e evangélicas, ONG promotoras de desenvolvimento ou defensoras do meio ambiente, entre outras.

O P1MC conta com apoio de diferentes agências internacionais de cooperação para o desenvolvimento. Diversos ministérios e instituições governamentais apóiam o projeto, integrado ao Programa Fome Zero, de redução da pobreza.

casa A região onde vivem os entrevistados
A região de Caetité, no sertão da Bahia conta com 35 municípios. É do tamanho da Holanda, tendo 41 mil quilômetros quadrados. Na área predominam os minifúndios, onde grandes famílias tiram com dificuldade o sustento. Em geral, os chefes da família realizam o trabalho temporário, no corte da cana em São Paulo e Mato Grosso do Sul para reforçar o orçamento familiar.

O Semi-Árido brasileiro compreende todos os Estados do Nordeste, ou seja, Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Abrange uma área de quase um milhão de quilômetros quadrados, englobando ainda a região setentrional de Minas Gerais e o norte do Espírito Santo. No período da estiagem, a paisagem do Semi-Árido se transforma. A fome afeta milhares de famílias, e, historicamente, provocou migrações para os grandes centros urbanos brasileiros.

cisternaA Cisterna
A Cisterna, ou caixa d'água, é redonda e metade dela se encontra acima do terreno. Recebe a chuva, que é aparada por uma calha, em volta de todo o telhado da casa e é transportada através de um cano. Nela, ficam armazenados 16 mil litros de água, suficientes para cada família beber, cozinhar e escovar os dentes durante a seca.

Para retirar a água sem contaminar, uma bomba hidráulica artesanal, denominada de Emas, faz a água jorrar, sem muito esforço. Esta bomba simples foi adaptada por José Coqueiro, que é carpinteiro, além de profundo conhecedor do Semi-Árido. A construção de uma cisterna e instalação de todo o equipamento sai a um custo de R$ 1.520,00. Neste total estão incluídos gastos com a construção e a capacitação das famílias beneficiadas.

http://www.parceria.nl/direitoshumanos/dh061011_agua/ag070316

Metas do Milênio não serão cumpridas

 

COR DOESWIJK E RAILDA HERRERO

25-09-2008

As Metas do Milênio para a redução da pobreza e da fome no mundo pela metade, até 2015, não serão cumpridas, porque os avanços registrados são lentos. Se for mantido o ritmo atual, os Objetivos para o Desenvolvimento do Milênio (ODM), estabelecidos pelas Nações Unidas, serão inalcançáveis. A avaliação é de uma rede de mais de 400 organizações da sociedade civil de 70 países.

Metas_do_Milenio_340.jpgApesar da repetição oficial do jargão de que a pobreza está diminuindo rapidamente no mundo, o Índice de Capacidades Básicas (ICB), divulgado pela ONG Social Watch, demonstra que persiste o minguado atendimento às necessidades básicas, condição para a superação da pobreza.
Ainda segundo dados da coalizão da rede de organizações sociais, a situação até mesmo piorou, apesar do crescimento econômico significativo da maioria dos países em desenvolvimento.
Crescimento econômico
Mesmo pessimista, o coordenador da coalizão, Roberto Bissio, reconhece que "uma significativa redução da pobreza ocorre na Ásia, região que concentra o maior número de pobres do planeta".
A explosão da economia chinesa, a partir dos anos 80, deu impulso às estatísticas globais de crescimento.
As mais recentes estimativas do Banco Mundial sobre a pobreza, divulgadas em agosto, revelam que 1,4 bilhão de pessoas de países em desenvolvimento do hemisfério sul, ou seja, uma em cada quatro, vive com menos de US$ 1,25 por dia. Em 1981 a proporção era de um em cada dois, totalizando 1,9 bilhões. A população mundial atual estimada é de seis bilhões de pessoas.
Índices negativos
O Índice de Capacidades Básicas, publicado pela Social Watch, revela que a maior parte da população mundial vive em países com indicadores sociais estancados ou que melhoram muito lentamente. A região da África Subsaariana exemplifica esses índices.
Os indicadores divulgados pelo Social Watch mostram que dos 176 países registrados, apenas 21 dispõem de dados que apontam progressos visíveis aos mais pobres, em comparação com a realidade do ano 2000. Em contraposição, 77 países não registraram avanços ou estão em situação pior. São os casos, entre outros, dos países latino-americanos, da Ásia Central, do Caribe e da África Subsaariana.

Tags: desenvolvimento, Metas do Milênio, Nações Unidas, ONU, pobreza, políticas internacionais, Social Watch, Índice de Capacidades Básicas

http://www.parceria.nl/atualidade/organizacao/20080925-qg-metasdomilenio

8 de outubro de 2008

Indicações de leitura

Artigos e entrevistas:

Globalização: algumas reflexões

O papel da migração internacional na evolução da população brasileira (1872 a 1972)

A NOVA GEOPOLÍTICA DAS NAÇÕES

DA QUESTÃO AMBIENTAL NA AMAZÔNIA

Urbanização Recente na Região Nordeste:dinâmica e perfil da rede urbana

Perspectiva Geográfica

NOTAS SOBRE O PROCESSO URBANO-REGIONAL BRASILEIRO

Cidade, Técnica e Indignação

Para geógrafa, favelização "é fato consumado"

A questão urbana no Banco Mundial: Cidades devem ser motor do crescimento do Brasil

Livros on line:

Geografias das metrópoles

As formas do espaço brasileiro

Blog's:

Geo´s Ensaios - Debates sobre Geografia e Contemporaneidade

A urbanização no Brasil



O processo de urbanização no Brasil iniciou-se em 1532 com a fundação da Vila de São Vicente, no litoral paulista. Salvador, a primeira cidade brasileira, foi fundada em 1549.
O primeiro surto de urbanização verificou-se no século XVIII, com o ciclo da mineração. A atividade mineradora contribuiu para esse processo por vários motivos: provocou a transferência da capital da Colônia (de Salvador para o Rio de Janeiro – 1763) e o deslocamento do eixo produtivo do Nordeste açucareiro para o Sudeste aurífero, originando inúmeras vilas e cidades (Vila Rica, Mariana, São João del Rei, Diamantina, Cuiabá e outras) e promovendo a interiorização do crescimento econômico do País.
CARACTERÍSTICAS DA URBANIZAÇÃO BRASILEIRA NO SÉCULO XX
O processo de urbanização no Brasil ganhou intensidade a partir da década de 1950, devido à industrialização e à modernização das atividades agrárias. Em 1940, apenas 31% dos brasileiros viviam em cidades, contra 69% no meio rural. Em 1980, a situação inverteu-se: 67,5% estavam vivendo em cidades, e apenas 32,5% na área rural.
Desde o início do processo de colonização, as cidades concentraram-se na faixa litorânea. A quase totalidade das cidades brasileiras são espontâneas, porque surgiram naturalmente de pequenos núcleos ou povoados. Existem também as cidades planejadas, como Belo Horizonte, Brasília, Goiânia, Boa Vista e Palmas.
“A partir dos anos 1960, o poder público passou a intervir decisivamente na organização do espaço brasileiro. O projeto desenvolvimentista tinha como objetivos, além da integração nacional, a modernização do território e o desenvolvimento da economia capitalista. Para tanto, era necessário expandir a indústria e construir uma sociedade de consumo predominantemente urbana. Esse processo provocou certa dispersão das cidades.
Políticas espaciais explícitas e vultosos investimentos deram respaldo à urbanização como estratégia do desenvolvimento do território. Um aspecto da questão urbana pode ser remetido a essa proposta de construir um Brasil urbano. Além da implantação de hidrelétricas, portos, aeroportos, dutos e canais e de grandes projetos industriais, apoiados em financiamento externo, a expansão da rede de energia, de estradas e de comunicações foi um meio de eliminar barreiras à circulação do capital, que teve, então, um expoente na indústria automobilística.” (DAVIDOVICH, Fany. A questão urbana. In: IBGE. Atlas nacional do Brasil 2000, p. 147)
Segundo o IBGE, o percentual de população urbana elevou-se para 81,2, bem próximo dos porcentuais encontrados em países desenvolvidos: 137,6 milhões de pessoas viviam em áreas urbanas no Brasil em 2000.
As três capitais mais populosas do Brasil são: São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. Em 2000, essas cidades concentravam 46,3% da população total residente nos municípios das capitais brasileiras.

O Desenvolvimento Econômico do Brasil durante o período do populismo

O processo de industrialização do Brasil remonta aos últimos decênios do século XIX. O seu ponto de partida situa-se por volta da década de 80 do século passado, motivado essencialmente pela crise e abolição do trabalho escravo. Formou-se, com o trabalho livre assalariado, um mercado passivo que era preciso abastecer.

A segunda fase da "luta pela industrialização" situa-se no período da Primeira Guerra, quando as potências capitalistas, momentaneamente, sustaram o fornecimento de manufaturas, deixando um espaço vazio que deu origem ao processo de "substituição das importações”. Mas, tão logo os conflitos terminaram, as potências industriais retomaram sua vida econômica, na ânsia de preencher os campos vazios que haviam deixado.

Ora, em 1929, sobreveio a grave crise do sistema capitalista, que, de certa forma, relaciona-se à terceira fase, iniciada em 1930, com a revolução. Nessa fase, a industrialização ganhou corpo e se firmou. Em primeiro lugar, pela falência do federalismo da República Velha e pela implantação de um Estado fortemente centralizado, culminando na instituição da ditadura de Vargas (Estado Novo). Em virtude disso, formou-se um mercado verdadeiramente nacional para a indústria, em razão da quebra de barreiras entre as distintas unidades da federação, que facilitou a livre circulação de mercadorias, levando à fusão dos mercados isolados e locais. Além do mais, a construção de portos, ferrovias e rodovias, nesse período, integrou fisicamente as regiões dispersas. Porém e preciso acentuar que a industrialização assim empreendida não se difundiu igualmente por todo o Brasil. Ao contrário, concentrou-se em São Paulo, que se tornou o estado mais industrializado. Às vésperas da Segunda Guerra Mundial, a hegemonia industrial de São Paulo era um fato consumado.

Da Segunda Guerra até 1950, temos a quarta fase do processo de industrialização, induzido em grande parte pelos acontecimentos mundiais, marcando o final do "estilo de industrialização" que se havia inaugurado na década de 1930.

Na década de 1950 iniciou-se uma nova forma de industrialização, que se prolongou até a época atual. Segundo o sociólogo Gabriel Cohn, “a década de 1950 marca um ponto de inflexão no processo de industrialização”. E a razão apontada pelo mesmo autor é a seguinte: naquela década encerrou-se a etapa de ocupação do mercado "passivo", preexistente e disponível em virtude da "contradição da oferta de produtos importados". Dessa forma, o processo de industrialização chegou a um ponto crucial, pois o seu prosseguimento já não era mais possível com a ocupação episódica do mercado, que por uma ou outra razão havia sido momentaneamente abandonado pelas potências industriais dominantes. De fato, a continuidade da industrialização passou a depender daquele momento em diante da criação de um mercado dotado de dinamismo próprio e, portanto, autônomo.

É essa última etapa, iniciada em 1950, que nos interessa de perto.

Em Busca do Modelo de Industrialização.

Características industriais de 1950 – Nos inícios dos anos 50, a indústria brasileira apresentava dois aspectos salientes: de um lado, empreendimentos centrados na produção de bens perecíveis e semiduráveis, destacando-se particularmente as indústrias têxtil, alimentar, gráfica, editorial, de vestuário, fumo, couro e peles; de outro, empresas inteiramente nacionais, normalmente gerenciadas pelo núcleo familiar proprietário. Quanto a estas últimas - segundo o economista Paul Singer –, embora algumas "tivessem dado mostras da apreciável capacidade de expansão via auto-acumulação, chegando a se constituir alguns ‘impérios industriais’ (como os de Francisco Matarazzo e Ermírio de Moraes), estava claro que nenhuma tinha possibilidade de mobilizar os recursos necessários para efetivamente iniciar a indústria pesada no país".

Efetivamente, a industrialização em 1950 não estava ainda completa, pois, segundo o mesmo autor, a produção de bens perecíveis e semiduráveis de consumo não conduziu a indústria além dos limites da demanda por esse tipo de produto. Para compreender melhor o passo seguinte na industrialização, vejamos quais as partes essenciais de um sistema industrial completo. Segundo os economistas, as indústrias estão articuladas da seguinte maneira: indústria de consumo, que se caracteriza pela produção de bens e serviços destinados à direta satisfação dos consumidores (alimentos, roupas, diversões, sapatos, fumo, couro); indústria de bens intermediários, que produz bens que necessitam de transformações finais para se converterem em produtos aptos ao consumo (gusa para diversas indústrias, trigo para o padeiro, etc.); e, finalmente, a indústria de bens de capital, que não se destina à produção de bens imediatamente consumíveis, sendo organizada para dar eficiência ao trabalho humano, tornando-o mais produtivo (máquinas, estradas, portos, etc.).

Pois bem, no Brasil havia quase que exclusivamente a indústria de consumo, ou leve, que se dedicava à produção de "bens perecíveis e semiduráveis”. Desse modo, a implantação definitiva do sistema industrial dependia do encontro de soluções para a implantação da indústria pesada, produtora de bens duráveis de consumo, bens intermediários e bens de capital.

Definindo o Caminho

Presença norte-americana – No início da década de 1950, embora as opções fossem claras, a definição em torno da industrialização via capital estrangeiro ou estatal ainda não era evidente. Mas a presença norte-americana já era visível em nossa economia.

Em 1951 a Comissão Mista Brasil-Estados Unidos reuniu-se para elaborar um grandioso projeto no setor energético e viário, em que uma considerável soma de capital norte-americano seria aplicada: cerca de 400 milhões de dólares. Em oposição a essa abertura ao capital estrangeiro, surgiu um maciço movimento de nacionalização do petróleo, sob o lema “O petróleo é nosso”. Em 1953, finalmente, o Congresso, pressionado pela força que o movimento atingira, aprovou a lei que instituiu o monopólio estatal da exploração e do refinamento do petróleo.

Obviamente, o triunfo da iniciativa de um setor nacionalista, formado a partir da coligação de intelectuais, militares, estudantes, políticos e lideres operários, não poderia ser bem recebido pelos Estados Unidos, que, por esse tempo, atingiam o ponto culminante da guerra fria, com intensas repercussões internas. Para o presidente Eisenhower, tal atitude por parte do Brasil não era mais do que o resultado de manobras de "inspiração comunista". Por isso passou a pressionar o governo de Getúlio, através do corte unilateral da ajuda econômica, reduzindo drasticamente o programa de empréstimo.

A partir de 1953, com o fim da Guerra da Coréia (1950-1953), teve início uma conjuntura extremamente desfavorável ao Brasil, devido à queda dos preços dos produtos primários no mercado internacional, motivada pelas manipulações dos Estados Unidos. A dificuldade de obter divisas com as exportações provocou uma crise financeira, de modo que o recurso de tomar empréstimos no exterior se tornou inevitável. A vinculação do Brasil ao capital internacional, particularmente ao norte-americano, começou então a delinear-se com clareza.

O segundo governo de Vargas (1951-1954) – O suicídio de Getúlio Vargas, em agosto de 1954, representou a vitória dos partidários do desenvolvimento dependente do capital estrangeiro. Contudo, seria um exagero atribuir o suicídio de Vargas apenas a essa questão e, sobretudo, emprestar a ele, postumamente, a imagem de um nacionalista intransigente. Contrariamente ao que se pode supor, o comportamento político de Getúlio em relação ao capital estrangeiro - ao imperialismo, em suma - era bastante flexível, e em nenhum momento se descartou por completo sua participação na economia brasileira. Getúlio só não concordava com o alinhamento completo do Brasil aos Estados Unidos, como estes pareciam desejar. Na verdade, recusava-se a atuar como peça subordinada ao capital estrangeiro.

Getúlio Dornelles Vargas, o melhor presidente que o Brasil já teve!

A Era Vargas - MARIA CELINA D'ARAUJO

O "desenvolvimentismo" juscelinista – A ascensão de Juscelino Kubitschek, em 1956, marcou o início do processo de industrialização inteiramente ajustado aos interesses do capital internacional. Apesar da composição das forças políticas que serviram de base para sua eleição, o governo juscelinista definiu com clareza o rumo da industrialização ao implantar o modelo desenvolvimentista, estreitamente associado ao capital estrangeiro. Parece estranho que isso possa ter ocorrido com um governo aparentemente herdeiro do getulismo, pois é preciso notar que João Goulart era seu vice-presidente e que sua candidatura triunfou através da velha coligação PSD-PTB.

Todavia, seria precipitado atribuir essa "guinada em favor do capital estrangeiro" a uma política deliberada de Kubitschek. Na realidade, sua posição diante do capital estrangeiro, tanto quanto a de Getúlio, era ambígua, e sua ambigüidade refletia a própria indecisão da formação capitalista no Brasil. De fato, a burguesia industrial brasileira sentia-se incapaz de conduzir o processo de industrialização em posição hegemônica, prensada como estava entre a participação do Estado e a do capital estrangeiro, representado pelas multinacionais.

A formação do modelo. A execução do Plano de Metas de Juscelino foi, nesse sentido, a grande responsável pela definitiva configuração do modelo de desenvolvimento industrial que o Brasil finalmente adotaria. Efetivamente, com esse ambicioso plano, a penetração do capital estrangeiro ocorreu de forma maciça, ocupando os ramos da indústria pesada: indústria automobilística e de caminhões, de material elétrico e eletrônico, de eletrodomésticos, de produtos químicos e farmacêuticos, de matéria plástica. Iniciou se aí a organização das multinacionais, que, monopolizando aquele que viria a ser o setor mais dinâmico da economia, estavam destinadas a exercer inegável influência na redefinição da orientação econômica e, também, política do Brasil.

Segundo ainda o Plano de Metas, o capital estatal ficou encarregado de viabilizar o programa da infra-estrutura destinado a sustentar o modelo, através da construção de rodovias e da "ampliação do potencial de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica".

Significado econômico de 1964 – Esse modelo de desenvolvimento econômico, que ganhou forma com Juscelino, seria retomado a partir de 1964, fazendo do movimento militar que derrubou João Goulart o seu herdeiro direto. Com o regime instalado em 1964, o modelo foi levado às suas últimas conseqüências. Houve, porém, uma considerável diferença entre os períodos de 1955 a 1965, aproximadamente, e de 1965 em diante. No primeiro período, apesar da maciça presença do capital estrangeiro, procurou-se através dele dirigir toda a força econômica para a dinamização do mercado interno. De 1965 em diante, a nova estratégia, com base na mesma força econômica, passou a orientá-la, entretanto, para o mercado mundial.

Nesse sentido, o movimento militar de 1964 e o regime implantado a partir daí podem ser vistos como resultado, entre outras coisas, da luta entre aqueles que procuravam enquadrar as multinacionais às perspectivas da economia brasileira e aqueles que, inversamente, desejavam o enquadramento da economia brasileira à perspectiva econômica das multinacionais. O desfecho da luta, em 1964, foi a vitória da última tendência. Para Paul Singer, o movimento militar de 1964 "coincide com uma redivisão internacional do trabalho, que as multinacionais estão levando a cabo em todo mundo capitalista, e que consiste precisamente em transferir a países semi-industrializados, como o Brasil, determinadas linhas de produção industrial. A crescente exportação de bens industrializados pelas multinacionais instaladas no Brasil aumenta a importância destas empresas no cenário econômico nacional, pois delas passa a depender cada vez mais a Balança de Pagamentos. Sendo estes bens adquiridos por subsidiárias nos países importadores das mesmas multinacionais que os exportam - como da Ford do Brasil, que fornece motores à sua matriz americana -, sua presença no Brasil passa a se justificar não apenas por trazerem recursos de capital e know-how técnico, mas também por assegurarem mercado para uma parcela crescente de nossas exportações".

Contradições do Modelo de Desenvolvimento dos Anos 50

Os desequilíbrios econômicos e sociais – O modelo de desenvolvimento brasileiro que se definiu durante a presidência de Juscelino não estava isento de contradições, que, aliás, tornaram-se claras na década de 1960. Desde o primeiro governo de Getúlio, o Estado assumiu a forma de empresário privilegiado, investindo diretamente na criação de unidades produtivas. O recurso financeiro para tais empreendimentos foi obtido através de uma política fiscal voltada para esse fim e também, sempre que necessário, através de emissões. Por isso, uma das conseqüências principais foi o recrudescimento da inflação, que levou à rápida perda do poder aquisitivo da moeda. Conseqüentemente, os detentores do capital foram impelidos aos investimentos, para evitar o seu desgaste.

O estímulo ao investimento motivado pela inflação teve um efeito nefasto no corpo social, principalmente porque atingiu os assalariados. De certa maneira, é possível dizer que, através desse mecanismo, transferiram-se, indiretamente, os recursos dos assalariados para o setor empresarial. Em outros termos, os ricos ficaram cada dia mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. Para piorar ainda mais a situação, os investimentos naturalmente resultaram no incremento da tecnologia. Com isso, restringiu-se a criação de novos empregos, atirando os excedentes populacionais em setores agrícolas, agropecuários, da indústria extrativa - que eram frágeis -, ou então ao comércio e ao setor de serviços, em que o subemprego tornou-se inevitável, dando origem a um “subproletariado marginal urbano”.

Ao aprofundamento das diferenciações sociais correspondeu, no plano econômico, o agravamento das disparidades setoriais e regionais na produção. Em outras palavras, os investimentos não foram realizados de maneira generalizada e igual em todos os setores produtivos. Evidentemente, os investidores selecionaram as oportunidades que a eles se afiguravam como mais rentáveis. Em conseqüência, alguns setores - como o têxtil - permaneceram praticamente estagnados. Além do mais, os investimentos foram feitos de forma especulativa, provocando o "inchaço" de alguns setores, o que indicava alto grau de concentração de capitais. Foi o caso do setor da construção e a correspondente especulação imobiliária.

O entrelaçamento dos desequilíbrios sociais e econômicos é bem ilustrativo das profundas contradições do modelo do desenvolvimento adotado na década de 1950.

A inflação, como sabemos, tem um efeito corrosivo sobre os salários, diminuindo o seu poder aquisitivo. Se esse aspecto é a contrapartida da acumulação de capitais em mãos da burguesia, por outro lado, ao diminuir a capacidade aquisitiva do salário, a inflação tem como resultado a contração da demanda e, portanto, a restrição do mercado consumidor. A longo prazo, isso torna inviável o desenvolvimento industrial autônomo. Disso resulta a grande dificuldade enfrentada pelo governo de elevar o nível de vida da população, pois a elevação do salário, para neutralizar a elevação do custo de vida e combater a carestia, implica necessariamente a sua incorporação ao custo da produção, restabelecendo a tendência de alta dos preços. Assim se explica o círculo vicioso do governo Goulart, em que a corrida do salário e do preço apenas serviu para agravar o processo inflacionário, criando inquietações sociais difíceis de acalmar.

As multinacionais – Ao lado dos problemas internos gerados pelo modelo de industrialização, um outro se apresentou, e este com maior peso: a penetração e consolidação das empresas multinacionais. Desde Juscelino (Plano de Metas), a instalação de multinacionais no Brasil foi maciça. A partir de então, os setores fundamentais da indústria foram passando para o controle estrangeiro. Segundo Gabriel Cohn, o controle externo das indústrias automobilísticas, de cigarro e de eletricidade variou em torno de 80% a 90%. Nas indústrias farmacêutica e mecânica, a proporção foi de 70%.

O resultado principal dessa nova conjuntura foi a minimização da importância da burguesia nacional, que passou para o plano secundário, muitas vezes como sócio menor das grandes corporações internacionais. Isso significa que os postos de comando de tais indústrias estavam em mãos de indivíduos diretamente designados pela direção da matriz estrangeira, ou seja, os centros de decisões se encontravam fora do país. Essa situação levou ao inevitável agravamento do desequilíbrio no Balanço de Pagamentos: a remessa de lucros para o exterior, além dos pagamentos pelo uso de marcas e patentes (royalties) e da importação de maquinaria, superou rapidamente o capital que as multinacionais inicialmente investiram.

Naturalmente, as contradições engendradas pelo modelo de desenvolvimento da industrialização adotado na década de 1950 expressaram-se através do aguçamento das lutas sociais e políticas. A presença do capitalismo internacional e o seu papel cada vez mais decisivo no controle de nossa economia tiveram, por seu turno, uma importância certamente não desprezível no desfecho da luta. O movimento militar de 1964 teve aí suas raízes e as suas razões.

 

Procura-se o Autor.

História do Brasil - Luiz Koshiba - Editora Atual

História do Brasil - Bóris Fausto - EDUSP

 

Fonte: http://www.culturabrasil.pro.br/desenvolvimentismo.htm

O tamanho da desertificação

 

A desertificação, processo de degradação da capacidade produtiva do solo causado pela ação do homem, não é irreversível. Mas o custo da recuperação pode ser inacessível para muitos.

Fragmento do artigo “Desertificação atinge 15 milhões no Nordeste”

A perda provocada pela degradação das terras chega a 466 milhões de dólares por ano, segundo cálculo do Núcleo Desert.Estudo feito por pesquisadores da Universidade Federal do Piauí revela que 15,7 milhões de pessoas são afetadas pela desertificação que ocorre no Nordeste. Pelo menos 1,3 milhão de pessoas vivem em regiões onde o processo de degradação do solo é considerado muito grave e a terra tornou-se praticamente improdutiva. A área degradada, segundo o diagnóstico, é de 660 mil quilômetros quadrados. Isso significa mais do que os territórios da Alemanha e da Itália, juntos. O estudo é assinado pelo Núcleo Desert, centro ligado à universidade que reúne sociólogos, economistas, biólogos e geógrafos que analisam um problema cuja grande causa são os modelos de desenvolvimento do Nordeste.

Metodologia da pesquisa

Para chegar a esses números, o Núcleo desenvolveu uma metodologia com dezenove variáveis e cruzou dados físicos e socioeconômicos. Analisou, por exemplo, a densidade populacional, as formas de uso do solo, a utilização de herbicidas e os índices de salinização. Através de uma projeção, feita com cálculos do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, ele estima em 466 milhões de dólares por ano a perda provocada pelo processo de desertificação no Nordeste. O custo anual de recuperação dessas áreas seria de 133 milhões de dólares.A reversão do processo depende de esforços em várias pontas, dizem os técnicos. É preciso divulgar procedimentos adequados de manejo do solo, dar assistência técnica eficaz ao produtor e implantar programas de educação ambiental nas escolas.

Principais causas

A irrigação inadequada tornou estéreis 30% das áreas irrigadas no Nordeste. Joga-se muita água em solos com baixa capacidade de absorção e não se estudam obras de drenagem. A pecuária extensiva, praticada na região, também teria sua parcela de responsabilidade. Seriam necessários 20 hectares, no semi-árido nordestino, para alimentar um boi. Mas, na prática, costuma-se colocar sete animais por hectare. Os animais acabam comendo as plantas antes que elas produzam sementes, o que elimina as espécies melhores, empobrece a terra e torna a cobertura vegetal escassa. O pisoteio dos animais compacta o solo e acelera a degradação.

Alguns técnicos discordam dos dados do Núcleo, alegando que o que há no Nordeste são áreas com ecossistemas frágeis que se tornarão desérticas se não tiverem manejo adequado.Há unanimidade, no entanto, quanto aos efeitos danosos da irrigação inadequada sobre a região, salinizando os solos. O tratamento existe, mas é caro. Pode ser feito a partir da aplicação de uma solução com sulfato de cálcio.Embora sem dados que revelem a dimensão do problema, as práticas de uso do solo não mudaram. As populações empregam técnicas inadequadas e degradam regiões, migram para outras e reempregam as mesmas técnicas. É um ciclo contínuo.

A desertificação no mundo

Os dados de desertificação no mundo também são assustadores. Pelo menos 70% das terras secas são afetadas pela desertificação, o que significa 3,6 bilhões de hectares. 0 fenômeno afeta a vida de um sexto da população mundial.

Durante a Eco-92 (conferência sobre meio ambiente que a ONU realizou no Rio de Janeiro), acertou-se que os países fariam uma convenção internacional sobre desertificação.

Um dos nós do acordo é a discussão em torno de recursos financeiros. Os países pobres querem novos financiamentos para enfrentarem a degradação de suas terras. Os países ricos não concordam.

Fonte: Folha de São Paulo, 12 de abril de 1994. Citado por Moreira, Igor. O espaço geográfico. Geografia Geral e do Brasil. São Paulo: Ática, 1998, págs. 457-59.

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