15 de outubro de 2008

Cisternas democratizam água no Semi-Árido

 
Conviver com a seca a partir da captação da água da chuva do telhado

MÁRIO DE FREITAS E RAILDA HERRERO

20-03-2007

agua240e.jpgNo Nordeste do Brasil, há três milhões e trezentos mil domicílios na zona rural. Dois terços desse total, isto é, mais de dois milhões não têm água, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). São aproximadamente dez milhões de pessoas sem acesso à água potável.

Nesta região e em parte de Minas Gerais e Espírito Santo, onde predomina o clima semi-árido, o Programa Um Milhão de Cisternas(P1MC) é uma alternativa de sucesso para garantir água para milhões de pessoas beberem e cozinharem no período de seca.

No Semi-Árido há vegetação com os diferentes tipos de caatinga. A média de água da chuva anual é inferior a 400 milímetros em algumas áreas. No entanto, esta média de água da chuva quase dobra, se for considerada toda a região.
Em termos gerais o que há é a falta da distribuição da água. No Semi-Árido, em geral, a chuva cai, com fartura, durante cerca de quatro meses por ano, de novembro a fevereiro. Estas águas se perdiam e as dificuldades das famílias eram grandes nos oito meses de seca, antes do início do programa das cisternas.

Fim ao voto de cabresto
Políticos oligarcas sempre usaram e abusaram da falta de distribuição da água, garantindo o malfadado voto de cabresto, isto é, o controle do voto para dominar politicamente a região.Tradicionalmente, eles sempre definiram o local de construção de barragens, açudes e a distribuição da água através de carros-pipas, nas secas.

Programa Especial
Em 30 minutos, diversos beneficiados pelo Programa Um Milhão de Cisternas falam sobre a vida antes e depois das cisternas.
Especialistas locais e responsáveis pela implantação do programa numa área do sertão da Bahia, dão detalhes sobre o projeto, traçando um perfil do programa que está mudando uma das regiões mais pobres do Brasil.
Explicações sobre a construção e o funcionamento das Cisternas também estão nesta produção.


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Parte 1 - 15 minutos

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Parte 2 - 15 minutos

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O P1MC está desestruturando esta política de controle da água no Semi-Árido. A partir do ano 2000 teve início o plano-piloto de construção das caixas de água para aproveitamento da água das chuvas que espalhou raízes por todo o Semi-Árido brasileiro.

Até o final de 2006, 170 mil cisternas foram construídas em mil municípios dos estados nordestinos e de Minas Gerais e do Espírito Santo, garantindo água limpa para 800 mil pessoas durante o período sem chuvas. O projeto prevê a construção de um milhão de cisternas até 2008.

Desenvolvimento para a região
José Coqueiro, coordenador do programa Casa, a Unidade Gestora da Articulação do Semi Árido (ASA) no sertão da Bahia, explicou o caráter de desenvolvimento integrado previsto no Programa Um Milhão de Cisternas e a importância da organização para seu sucesso. A ASA é uma rede de organizações da sociedade civil que atuam para promover o desenvolvimento social, econômico político e cultural da região.

A articulação é formada por mais de 750 organizações como sindicatos rurais, cooperativas de produção, igrejas católicas e evangélicas, ONG promotoras de desenvolvimento ou defensoras do meio ambiente, entre outras.

O P1MC conta com apoio de diferentes agências internacionais de cooperação para o desenvolvimento. Diversos ministérios e instituições governamentais apóiam o projeto, integrado ao Programa Fome Zero, de redução da pobreza.

casa A região onde vivem os entrevistados
A região de Caetité, no sertão da Bahia conta com 35 municípios. É do tamanho da Holanda, tendo 41 mil quilômetros quadrados. Na área predominam os minifúndios, onde grandes famílias tiram com dificuldade o sustento. Em geral, os chefes da família realizam o trabalho temporário, no corte da cana em São Paulo e Mato Grosso do Sul para reforçar o orçamento familiar.

O Semi-Árido brasileiro compreende todos os Estados do Nordeste, ou seja, Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Abrange uma área de quase um milhão de quilômetros quadrados, englobando ainda a região setentrional de Minas Gerais e o norte do Espírito Santo. No período da estiagem, a paisagem do Semi-Árido se transforma. A fome afeta milhares de famílias, e, historicamente, provocou migrações para os grandes centros urbanos brasileiros.

cisternaA Cisterna
A Cisterna, ou caixa d'água, é redonda e metade dela se encontra acima do terreno. Recebe a chuva, que é aparada por uma calha, em volta de todo o telhado da casa e é transportada através de um cano. Nela, ficam armazenados 16 mil litros de água, suficientes para cada família beber, cozinhar e escovar os dentes durante a seca.

Para retirar a água sem contaminar, uma bomba hidráulica artesanal, denominada de Emas, faz a água jorrar, sem muito esforço. Esta bomba simples foi adaptada por José Coqueiro, que é carpinteiro, além de profundo conhecedor do Semi-Árido. A construção de uma cisterna e instalação de todo o equipamento sai a um custo de R$ 1.520,00. Neste total estão incluídos gastos com a construção e a capacitação das famílias beneficiadas.

http://www.parceria.nl/direitoshumanos/dh061011_agua/ag070316

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