2 de julho de 2010

Afirmações falsas e erros factuais: NYT erra em matéria sobre meu filme


Nesta matéria de Oliver Stone, publicada originalmente no site Huffington Post, o cineasta, diretor de Ao Sul da Fronteira - que retrata os governos progressistas recentemente eleitos na América Latina - rebate as tentativas do colunista Larry Rohter, do New York Times, de desqualificar o documentário reafirmando suas denúncias acerca das distorções propaladas não apenas por Rohter mas por toda a corrente central da mídia norte-americana acerca dos novos governantes. Oliver Stone sugere ainda a leitura da matéria “NYT ataca Ao Sul da Fronteira com falsidades e repórter pró-golpe” de Bob Naiman, publicada no site Huffington Post e remete ao site sobre o seu documentário, southoftheborderdoc.com para mais informações sobre as falsas afirmações de Rohter em um artigo intitulado Oliver Stone responds to attack from The New York Times’ Larry Rohter, assinada pelo próprio cineasta junto com Mark Weisbrot e Tariq Ali; artigo traduzido para o português com o título ‘Ao Sul da Fronteira’: carta ao New York Times e publicado na página
(operamundi.uol.com.br/opiniao_ver.php?idConteudo=1165)

OLIVER STONE

Larry Rohter, do New York Times, atacou meu filme, Ao Sul da Fronteira, por “erros, afirmações falsas e detalhes omitidos”. Porém, um exame mais atento da matéria revela que os erros, afirmações falsas e detalhes omitidos são os dele próprio, e que o filme é preciso nos fatos que descreve.

Prefiro colocar o foco em pontos importantes que o filme busca ressaltar.

Como mostra Ao Sul da Fronteira, desde que a América Latina começou a eleger governos de esquerda e centro-esquerda, começando pela eleição de Hugo Chávez em 1998 na Venezuela seguida pelo Brasil, Argentina, Bolívia, Paraguai, Uruguai, Equador, El Salvador e outros, os principais veículos da mídia dos EUA tem frequentemente fornecido uma cobertura distorcida e parcial sobre a região. Esta cobertura tem retratado a mudança na América Latina em direção a governos progressistas como uma força antidemocrática para a região e uma ameaça à segurança nacional dos Estados Unidos.

Consequemente, a maioria dos informes da mídia sobre a Venezuela coloca suas histórias de forma a fazer as audiências americanas desacreditarem e ficarem apreensivas sobre a Venezuela. Estas colocações são reforçadas pelos mitos constantemente repetidos e imprecisões que aumentam a tendência de visualização do governo venezuelano como um inimigo dos Estados Unidos, como um governo cada vez mais totalitário que reprime o dissenso, bate na imprensa e faz erodir as liberdades democráticas.

Não tenho nenhum problema com o debate honesto em torno das questões levantadas em Ao Sul da Fronteira e dos meus demais filmes. Sei muito bem que meus filmes são provocativos e de fato têm a intenção de promover o debate e estimular as pessoas a buscar informação e respostas por si próprios ao invés de serem alimentados de colher por reportagens desinformadas.

Ocorre que todos nós temos sido vítimas de anos e anos de um jornalismo de desinformação e eu afirmei isso no National Press Club, na semana passada em uma sala cheia de jornalistas. Ao Sul da Fronteira assume um olhar destemido sobre o papel da mídia em perpetuar e disseminar informações falsas aos americanos, e gosto de pensar nele como um contraponto ao desequilíbrio que tem existido. Há uma grande história se desenrolando na América do Sul e ela precisa ser contada.

* Cineasta norte-americano diretor do recente Ao Sul da Fronteira e filmes como JFK, Nixon e Platoon, entre outros

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