23 de março de 2011

Bogossian alerta governo para cobiça estrangeira sobre pré-sal

Em carta à presidenta Dilma Rousseff, Clube de Engenharia afirma que a descoberta da gigantesca jazida “reorientou estratégias de países com pretensões hegemônicas, inclusive com a reativação da quarta frota dos Estados Unidos a pretexto de proteger o Atlântico Sul"

O Clube de Engenharia encaminhou à presidenta Dilma Rousseff carta na qual reafirma sua posição de “assegurar o Pré-sal para os brasileiros”. Segundo a entidade, “com uma longa trajetória de lutas em defesa da soberania nacional e o orgulho de ter participado ativamente dos debates sobre o Pré-Sal, com significativas vitórias no Congresso Nacional”, o documento, aprovado pelo Conselho Diretor, aponta como preocupante “as pressões internacionais e dos seus porta-vozes internos no país, quando recrudescem os conflitos pelo domínio do petróleo por potências estrangeiras”. A carta, de 15 de março de 2011, é assinada pelo presidente Francis Bogossian.

"Exma. Sra.

Dilma Rousseff

M.D. Presidenta da República Federativa do Brasil

Assunto: Defesa do Pré-Sal para os brasileiros

Excelentíssima Senhora Presidenta,

Em 2010, o Brasil garantiu o que deve ser um dos passaportes para um futuro grandioso enquanto nação, ao alterar o marco regulatório do petróleo e assegurar o Pré-Sal para os brasileiros.
Na nossa opinião, foram criadas por força de lei as condições básicas para que esta afirmativa se torne viável:

- ampliou-se a participação do Estado Brasileiro no controle do ritmo da produção e na renda gerada por este bem energético estratégico para as sociedades modernas;

- estabeleceu-se o compromisso da produção se fazer em sintonia com a expansão industrial necessária à exploração e produção do Pré-Sal;

- capitalizou-se a Petrobras e a ela foi determinado o papel preponderante de operadora única nas atividades de exploração e produção do Pré-Sal;

- e criou-se um fundo para utilizar as receitas geradas pelo petróleo para superar as mazelas sociais históricas da nossa sociedade.

O Clube de Engenharia se orgulha de ter participado ativamente dos debates sobre o Pré-Sal e visto consagradas muitas das suas teses, aprovadas que foram pelo Congresso Nacional. Não obstante, considera que a aplicação deste texto legal sob a égide do interesse nacional não se fará sem esforços do Governo Federal e da sociedade brasileira para superar uma vez mais as pressões internacionais e dos seus porta-vozes internos no país, quando recrudescem os conflitos pelo domínio do petróleo por potências estrangeiras.

Sob esse contexto, vimos com preocupação notícias vazadas na mídia sobre interesses dos EUA em buscarem no Pré-Sal a saída para sua dependência de petróleo em áreas onde já não conseguem mais controlar como outrora. Sabemos o quanto a descoberta desta gigantesca jazida reorientou estratégias de países com pretensões hegemônicas, inclusive com reativação da quarta frota norte-americana, a pretexto de “proteger o Atlântico Sul”.

Igualmente preocupante é o movimento intenso de grandes corporações internacionais no sentido de instalarem-se no Brasil em face da escala oferecida pelo Pré-Sal e diante de percentual de conteúdo local exigido. Apoiados num maior poder tecnológico, industrial e de financiamento no curto prazo nos seus países de origem, consolidam-se principalmente via aquisição de empresas de capital nacional, com vista a se tornarem os principais, quiçá únicos, fornecedores de bens e serviços no desenvolvimento do Pré-Sal. Ameaçam deste modo o aproveitamento integral das oportunidades de trabalho, em especial as com elevado conteúdo técnico, conhecimentos, tecnologias e expansão industrial que só são integrais se apoiadas em capital nacional, necessárias para colocar o país independente de saberes e decisões externas.

Nesse sentido, o Clube de Engenharia registra sua expectativa de que, nas interlocuções do Governo Brasileiro com o presidente Barack Obama que visitará o país proximamente, o Governo Brasileiro reafirme a diretriz de produzir o Pré-Sal sob orientação do planejamento energético brasileiro visando atender prioritariamente a demanda interna. Igualmente importante é a expansão plena e soberana das empresas de engenharia e serviços e das indústrias genuinamente nacionais pari passu à produção do Pré-Sal.

Estas posições são coerentes com as posições diplomáticas assumidas pelo Brasil nas Rodadas de Doha em defesa do mercado brasileiro as quais apoiamos.

Excelentíssima Senhora Presidenta, saiba que tem nesse Clube de Engenharia e certamente em milhares de outras entidades da sociedade brasileira o apoio necessário para pavimentar os caminhos do desenvolvimento nacional com aceleração do crescimento, que somente se darão em bases soberanas com o fim do subconsumo e da miséria.

Cordialmente,

Francis Bogossian

Presidente do Clube de Engenharia

21 de março de 2011

Convite

 

Na próxima terça-feira, dia 22/03, a UGES em parceria com o Instituto Estadual do Cinema(IECINE-RS), o Conselho Nacional de Cineclubes(CNC) e a Câmara Municipal de Vereadores de Porto Alegre, promove Comemoração pelo dia do Cinema Gaúcho(27 de março) com a exibição do filme gaúcho "Em teu nome" do diretor Paulo Nascimento, e logo após a exibição será realizado debate com:

Diretor do Filme "Em teu Nome" Paulo Nascimento

Cineasta e Diretor do Centro Popular de Cultura (CPC) Caio Plessman

Diretor do IECINE-RS e Presidente do CNC Luis Alberto Cassol

Atores do Filme

O Evento será realizado no Teatro Glênio Peres da Câmara Municipal de Vereadores:

DATA: 22 de março
LOCAL: TEATRO GLÊNIO PERES - CMPA
AV. LOUREIRO DA SILVA, 255 - CENTRO

ENTRADA FRANCA

18:00h – Oficina sobre cineclubismo com Luiz Alberto Cassol
Público-alvo – pessoas interessadas em cineclubismo
19:00h – Abertura: conversa com o público:
- O que é cineclubismo – por Luiz Alberto Cassol
- O filme “Em teu nome”
19:15h – EXIBIÇÃO DO FILME “EM TEU NOME”
21:15h – Debate com o público – com:
- Paulo Nascimento (diretor do filme)
- Caio Plessman (Cineasta e Diretor do Centro Popular de
Cultura - CPC)
- Luiz Alberto Cassol (Diretor do Instituto Estadual do
Cinema (IECINE) e presidente do Conselho Nacional
de Cineclubes (CNC)

Concordo!! Líbia Livre!!!!!!!!!!!!

Quero refutar esta postura sofrível do Brasil, em se abster nesta questão do bombardeio, mais uma vez covarde, que está sendo feito pelo imperialismo sobre a "pobre" Líbia, que se fosse realmente pobre como alguns paises da Africa, ninguém da elite se lembraria em gastar bilhões em artefatos bélicos para subjugar o direito livre de um povo decidir seu destino.
Mas em se tratatndo de um país, que é o 9º produtor mundial de petróleo e na hora em que o império está dando os doces e precisa de uma guerrinha para encher as burras de sua indústria bélica, sempre vem os liberais de plantão para defender uma grave ofensa ao direito de livre arbítrio dos povos. Nosso país sempre foi pacífico e deveria ter se posicionado frontalmente contra esta desgraçada tentativa de apoderamento descarado de alguns poços de petróleo sob um manto de mais uma vez defesa de uma democracia criada nos corredores imundos de salas onde se reune o consenso de Washington.

Fora Brasil do esconderijo sujo que fica embaixo da saia dos americanos.

Duca Maradona

16 de março de 2011

Maior terremoto do Japão expõe falha de projeto em usina nuclear

 

O caos estabelecido após o maior terremoto já registrado no Japão nos últimos 140 anos foi agravado pela insegurança nuclear provocada por falha de projeto dos reatores construídos pela GE

A região nordeste do Japão foi atingida por um terremoto de magnitude 8,9 na escala Richter, seguido de um Tsunami com ondas de mais de 10 metros. Foi o maior terremoto no país desde que começaram a ser registrados, há 140 anos e o sétimo pior da história. O tremor principal teve o epicentro a 130 quilômetros de Sendal, na ilha de Honshu, e com profundidade de 24,4 quilômetros.

O ministério da Defesa do informou de início que o forte abalo sísmico deixou mais de mil mortos. Segundo a agência Kyodo, a cidade de Sendai, com 1 milhão de habitantes, foi a mais afetada pelo tremor, sentido em diversos pontos do país.

Foi informado também que apenas na cidade de Minamisoma, no distrito de Fukushima, 1,8 mil casas foram destruídas. Balanço da polícia nas primeiras horas após o desastre já contabilizava 384 mortos, 947 feridos e 707 desaparecidos. Em Sendai, ao menos 200 mortos foram encontrados afogados após o Tsunami.
O governo japonês declarou estado de emergência na usina nuclear de Fukushima e outras três centrais atômicas foram fechadas. Ao menos 2 mil pessoas foram retiradas de áreas próximas após as autoridades não terem conseguido resfriar o combustível nuclear.

Em entrevista ao R7, o titular do Programa de Engenharia Nuclear e vice-diretor geral da Coppe/UFRJ, o professor Aquilino Senra, disse que o vazamento de material nuclear na usina de Fukushima 1, pode ter sido causado por uma falha no projeto. Segundo Senra, o local onde ficam os geradores a diesel, que deveriam entrar em funcionamento para resfriar a usina, foi inundado pelo Tsunami.

“Os geradores deveriam ter entrado em funcionamento, mas foram inundados e isso não deveria acontecer. O projeto é feito para que não pare em caso de explosão, terremoto, Tsunami ou queda de avião. Sem alimentação, o sistema torna-se inoperante.
Senra explicou que, se o sistema de resfriamento tivesse funcionado corretamente, o vazamento não teria acontecido, uma vez que todo o material ficaria “preso” no que os engenheiros chamam de prédio de contenção.

“Quando houve o terremoto, a usina foi desligada automaticamente e parou a geração de calor. No entanto, ela precisa ser resfriada. O sistema de refrigeração faz o papel da ventoinha [de um carro], só que os geradores a diesel não funcionaram, o que pode ter causado a fundição parcial ou total do reator”, acrescentou Aquilino Senra.

A engenharia civil japonesa alcançou progressos notáveis na edificação de prédios que resistem a grandes e numerosos terremotos, reduzindo o número de vítimas e de perdas materiais durante os constantes abalos sísmicos. É estranho que exatamente na construção de usinas nucleares, onde há a mais imperiosa necessidade de segurança, exatamente aí ocorreram falhas tão simplórias como o alagamento dos geradores que garantem o resfriamento da unidade em caso de emergência, rapidamente com o Tsunami.

Como os reatores da usina Fukushima1 foram projetados pela norte-americana General Electric-GE, espera-se que o conglomerado tenha algo a dizer sobre a grave situação de insegurança nuclear estabelecida no país.

O Japão tem 54 usinas nucleares em operação, das quais, 16 localizam-se na região mais afetada pelo terremoto e pelo Tsunami. A matriz nuclear fornece 35% da energia no país.

Fábricas e refinarias foram fechadas e milhões de pessoas ficaram sem energia elétrica. Nas primeiras horas após o sismo 80 incêndios foram contabilizados, um deles numa refinaria. O aeroporto de Narita, o maior do país, chegou a ser fechado, mas já foi reaberto. O terremoto também paralisou em todo o país os serviços do trem-bala, segundo a companhia ferroviária JR East. Um trem com passageiros desapareceu na área afetada pelo tremor.

Apesar de ter ocorrido a quase 400 quilômetros de distância de Tóquio, o tremor também foi sentido na capital, onde 4 milhões de casas e prédios ficaram sem energia elétrica. O serviço telefônico também foi cortado em boa parte do país.

Wisconsin: 120 mil nas ruas de Madison repudiam lei de arrocho salarial e ataque a direitos sindicais

 

  Mais de 120.000 pessoas tomaram as ruas de Madison, capital do estado norte-americano de Wisconsin, na maior manifestação que já houve na região, segundo informações da central sindical AFL-CIO. A enorme concentração realizou-se depois que o governador republicano Scott Wal-ker sancionou, na sexta-feira um projeto de lei que reduz os direitos dos funcionários públicos e cassa o seu direito de negociação coletiva.

  As mobilizações contra a lei acontecem há mais de um mês, crescendo semana após semana, e se espraiando por outros estados dos EUA, sustentadas por legisladores democratas e sindicatos, que advertiram que continuarão a luta na justiça para que a lei seja declarada inconstitucional.

  Entre os oradores do ato se encontravam os catorze senadores que tinham se retirado do Estado semanas antes, na tentativa de impedir a aprovação da lei pela maioria republicana. Scott Walker (da corrente Tea Party), eleito em novembro passado, tenta reduzir o salário dos funcionários públicos em 7%, diminuindo também as suas pensões, e obstaculizando, além do mais, a sindica-lização dos trabalhadores no sector público. O governador quer cortar US$ 137 bilhões a curto prazo para diminuir o déficit projetado em US$ 3,6 bilhões nos próximos dois anos.

  O presidente da maior central sindical americana, a AFL-CIO, Richard Trumka, foi a Madison para se juntar ao protesto. “É um momento de auge das mobilizações populares. O governo faz tudo para cortar o peso dos trabalhadores organizados. Somos ameaçados, mandam embora os trabalhadores que manifestam interesse em se sindicalizar, tentam cortar os direitos de negociação coletiva, mas chegou a hora de irmos para a rua, e essa força é que pode levar os EUA a superar a crise. Não podemos aceitar que joguem para cima dos trabalhadores o desastre causado pelos bancos”, assinalou Trumka.

Michael Moore: “Resgate dos bancos nos EUA foi golpe de Estado financeiro”

Discurso do cineasta Michael Moore, proferido durante manifestação em Madison, Wisconsin, no dia 5 de março, contra o corte de US$ 1,6 bilhão no orçamento dos governos locais. O pacote de medidas contra o funcionalismo e o serviço público levou milhares de americanos às ruas

MICHAEL MOORE

Ao contrário do que diz o poder, que quer que vocês desistam das pensões e aposentadorias, que aceitem salários de fome, e voltem para casa em nome do futuro dos netos de vocês, os EUA não estão falidos. Longe disso. Os EUA nadam em dinheiro. O problema é que o dinheiro não chega até vocês, porque foi transferido, no maior assalto da história, dos trabalhadores e consumidores, para os bancos e carteiras dos hiper mega super ricos.

Hoje, 400 norte-americanos têm a mesma quantidade de dinheiro que metade da população dos EUA, somando-se o dinheiro de todos.

Vou repetir. 400 norte-americanos obscenamente ricos, a maior parte dos quais foram beneficiados no ‘resgate’ de 2008, pago aos bancos, com muitos trilhões de dólares dos contribuintes, têm hoje a mesma quantidade de dinheiro, ações e propriedades que tudo que 155 milhões de norte-americanos conseguiram juntar ao longo da vida, tudo somado. Se dissermos que fomos vítimas de um golpe de Estado financeiro, não estamos apenas certos, mas, além disso, também sabemos, no fundo do coração, que estamos certos.

Mas não é fácil dizer isso, e sei por quê. Para nós, admitir que deixamos um pequeno grupo roubar praticamente toda a riqueza que faz andar nossa economia, é o mesmo que admitir que aceitamos, humilhados, a ideia de que, de fato, entregamos sem luta a nossa preciosa democracia à elite endinheirada. Wall Street, os bancos, os 500 da revista Fortune governam hoje essa República – e, até o mês passado, todos nós, o resto, os milhões de norte-americanos, nos sentíamos impotentes, sem saber o que fazer.

Nunca frequentei universidades. Só estudei até o fim do segundo grau. Mas, quando eu estava na escola, todos tínhamos de estudar um semestre de Economia, para concluir o segundo grau. E ali, naquele semestre, aprendi uma coisa: dinheiro não dá em árvores. O dinheiro aparece quando se produzem coisas e quando temos emprego e salário para comprar coisas de que precisamos. E quanto mais compramos, mais empregos se criam.  O dinheiro aparece quando há sistema que oferece boa educação, porque assim aparecem inventores, empresários, artistas, cientistas, pensadores que têm as ideias que ajudam o planeta. E cada nova ideia cria novos empregos, e todos pagam impostos, e o Estado também tem dinheiro. Mas se os mais ricos não pagam os impostos que teriam de pagar por justiça, a coisa toda começa a emperrar e o Estado não funciona. E as escolas não ensinam, nem aparecem os mais brilhantes capazes de criar mais e mais empregos. Se os ricos só usam seu dinheiro para produzir mais dinheiro, se de fato só o usam para eles mesmos, já vimos o que eles fazem: põem-se a jogar feito doidos, apostam, trapaceiam, nos mais alucinados esquemas inventados em Wall Street, e destroem a economia.

A loucura que fizeram em Wall Street custou-nos milhões de empregos. O Estado está arrecadando menos. Todos estamos sofrendo, como efeito do que os ricos fizeram.

Mas os EUA não estão falidos, amigos. Wisconsin não está falido. Repetir que o país está falido é repetir uma Enorme Mentira. As três maiores mentiras da década são: 1) os EUA estão falidos, 2) há armas de destruição em massa no Iraque; e 3) os Packers não ganharão o Super Bowl sem Brett Favre.

A verdade é que há muito dinheiro por aí. MUITO. O caso é que os homens do poder enterraram a riqueza num poço profundo, bem guardado dentro dos muros de suas mansões. Sabem que cometeram crimes para conseguir o que conseguiram e sabem que, mais dia menos dia, vocês vão querer recuperar a parte daquele dinheiro que é de vocês. Então, compraram e pagaram centenas de políticos em todo o país, para conduzirem a jogatina em nome deles. Mas, para o caso de o golpe micar, já cercaram seus condomínios de luxo e mantêm abastecidos, prontos para decolar, os jatos particulares, motor ligado, à espera do dia que, sonham eles, jamais virá. Para ajudar a garantir que aquele dia nunca chegasse, o dia em que os norte-americanos exigiriam que seu país lhes fosse devolvido, os ricos tomaram duas providências bem espertas:

1. Controlam todas as comunicações. Como são donos de praticamente todos os jornais e redes de televisão, espertamente conseguiram convencer muitos norte-americanos mais pobres a comprar a versão deles do Sonho Americano e a eleger os candidatos deles, dos ricos. O Sonho Americano, na versão dos ricos, diz que vocês também, algum dia, poderão ser ricos – aqui é a América, onde tudo pode acontecer, se você insistir e nunca desistir de tentar! Convenientemente para eles, encheram vocês com exemplos convincentes, que mostram como um menino pobre pode enriquecer, como um filho criado sem pai, no Havaí, pode ser presidente, como um rapaz que mal concluiu o ginásio pode virar cineasta de sucesso. E repetirão essas histórias mais e mais, o dia inteiro, até que vocês passem a viver como se nunca, nunca, nunca, precisassem agitar a ‘realidade’ – porque, sim, você – você, você mesmo! – pode ser rico/presidente/ganhar o Oscar, algum dia!

A mensagem é clara: continuar a viver de cabeça baixa, nariz virado para os trilhos, não sacuda o barco, e vote no partido que protege hoje o rico que você algum dia será.

2. Inventaram um veneno que sabem que vocês jamais quererão provar. É a versão deles da mútua destruição garantida. E quando ameaçaram detonar essa arma de destruição econômica em massa, em setembro de 2008, nós nos assustamos.

Quando a economia e a bolsa de valores entraram em espiral rumo ao poço, e os bancos foram apanhados numa “pirâmide Ponzi” global, Wall Street lançou sua ameaça-chantagem: Ou entregam trilhões de dólares do dinheiro dos contribuintes dos EUA, ou quebramos tudo, a economia toda, até os cacos.  Entreguem a grana, ou adeus poupanças. Adeus aposentadorias.  Adeus Tesouro dos EUA. Adeus empregos e casas e futuro. Foi de apavorar, mesmo, e nos borramos de medo. “Aqui, aqui! Levem tudo, todo o nosso dinheiro. Não ligamos. Até, se quiserem, imprimimos mais dinheiro, só pra vocês. Levem, levem. Mas, por favor, não nos matem. POR FAVOR!”

Os economistas executivos, nas salas de reunião e nos fundos rolavam de rir. De júbilo. E em três meses lá estavam entregando, eles, uns aos outros, os cheques dos ricos bônus obscenos, maravilhados com o quão perfeita e absolutamente haviam conseguido roubar uma nação de otários. Milhões perderam os empregos: pagaram pela chantagem e, mesmo assim, perderam os empregos, e milhões pagaram pela chantagem e perderam as casas. Mas ninguém saiu às ruas. Não houve revolta.

Até que... COMEÇOU! Em Wisconsin!

Jamais um filho de Michigan teve mais orgulho de dividir um mesmo lago com Wisconsin!

Vocês acordaram o gigante adormecido – a grande multidão de trabalhadores dos EUA. Agora, a terra treme sob os pés dos que caminham e estão avançando!

A mensagem de Wisconsin inspirou gente em todos os 50 estados dos EUA. A mensagem é “Basta! Chega! Basta!”  Rejeitamos todos os que nos digam que os EUA estão falidos e falindo. É exatamente o contrário. Somos ricos! Temos talento e ideias e sempre trabalhamos muito e, sim, sim, temos amor.  Amor e compaixão por todos os que – e não por culpa deles – são hoje os mais pobres dos pobres. Eles ainda querem o mesmo que nós queremos: Queremos nosso país de volta! Queremos, devolvida a nós, a nossa democracia! Nosso nome limpo.

Queremos de volta os Estados Unidos da América.

Não somos, não queremos continuar a ser, os Estados dos Business Unidos da América!

Como fazer acontecer? Ora, estamos fazendo aqui, um pouco, o que o Egito está fazendo lá. E o Egito faz, lá, um pouco do que Madison está fazendo aqui.

E paremos um instante, para lembrar que, na Tunísia, um homem desesperado, que tentava vender frutas na rua, deu a vida, para chamar a atenção do mundo, para que todos vissem como e o quanto um governo de bilionários lá estava, afrontando a liberdade e a moral de toda a humanidade.

Obrigado, Wisconsin. Vocês estão fazendo as pessoas ver que temos agora a última chance de vencer uma ameaça mortal e salvar o que nos resta do que somos.

Vocês estão aqui há três semanas, no frio, dormindo no chão – por mais que custe, vocês fizeram. E não tenham dúvidas:  Madison é só o começo. Os escandalosamente ricos, dessa vez, pisaram na bola. Bem poderiam ter ficado satisfeitos só com o dinheiro que roubaram do Tesouro. Bem se poderiam ter saciado só com os empregos que nos roubaram, aos milhões, que exportaram para outros pontos do mundo, onde conseguiam explorar ainda mais, gente mais pobre. Mas não bastou. Tiveram de fazer mais, queriam ganhar mais – mais que todos os ricos do mundo. Tentaram matar a nossa alma. Roubaram a dignidade dos trabalhadores dos EUA. Tentaram nos calar pela humilhação. Nos tiraram a mesa de negociações!

Recusam-se até a discutir coisas simples como o tamanho das salas de aula, ou o direito de os policiais usarem coletes à prova de balas, ou o direito de os pilotos e comissários de bordo terem algumas poucas horas a mais de descanso, para que trabalhem com mais segurança para todos e possam fazer melhor o próprio trabalho –, trabalho que eles compram por apenas 19 mil dólares anuais.

Isso é o que ganham os pilotos de linhas curtas, talvez até o piloto que me trouxe hoje a Madison. Contou-me que parou de esperar algum aumento. Que, agora, só pede que lhe deem folgas um pouco maiores, para não ter de dormir no carro entre os turnos de voo no aeroporto O’Hare. A que fundo do poço chegamos!

Os ricos já não se satisfazem com pagar salário de miséria aos pilotos: agora, querem roubar até o sono dos pilotos. Querem humilhar os pilotos, desumanizá-los e esfregar a cara dos pilotos na própria vergonha. Afinal, piloto ou não, ele não passa de mais um sem-teto...

Esse, meus amigos, foi o erro fatal dos Estados dos Business Unidos da América. Ao tentar nos destruir, fizeram nascer um movimento – uma revolta massiva, não violenta, que se alastra pelo país. Sabíamos que, um dia, aquilo teria de acabar. E acabou agora, já começou a acabar.

A mídia não entende o que está acontecendo, muita gente na mídia não entende. Dizem que foram apanhados desprevenidos no Egito, que não previram o que estava por acontecer. Agora, se surpreendem e nada entendem, porque tantas centenas de milhares de pessoas viajam até Madison nas últimas semanas, enfrentando inverno brutal. “O que fazem lá, parados na rua, com vento, com neve?” Afinal... houve eleições em novembro, todos votaram... O que mais podem desejar?!” “Está acontecendo algo em Madison. Que diabo está acontecendo lá? Quem sabe?”

O que está acontecendo é que os EUA não estão falidos. A única coisa que faliu nos EUA foi a bússola moral dos governantes. Viemos para consertar a bússola e assumir o timão para levar o barco, agora, nós mesmos.

Nunca esqueçam: enquanto existir a Constituição, todos são iguais: cada pessoa vale um voto. Isso, aliás, é o que os ricos mais detestam por aqui. Porque, apesar de eles serem os donos do dinheiro e do baralho e da mesa da jogatina, um detalhe eles não conseguem mudar: nós somos muitos e eles são poucos!

Coragem, Madison, força! Não desistam!

Estamos com vocês. Juntos venceremos!

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