30 de abril de 2008
23 de abril de 2008
Pouco Sustentáveis
Em 50 anos, nosso planeta deverá acolher mais 3 bilhões de habitantes. A demanda energética, que não cessa de crescer com o desenvolvimento econômico e social, será então imensa. Para a sustentabilidade global, o ideal seria contar com energias renováveis, cujo uso não implica maiores emissões de gases de efeito estufa ou em geração de resíduos radioativos. Até onde as energias renováveis são sustentáveis e substituirão as fontes oriundas dos hidrocarbonetos ou da fissão nuclear?
A energia renovável cresce cerca de 0,5% ao ano na matriz energética brasileira, graças à cana-de-açúcar. A construção e operação de novas hidrelétricas deverão contribuir ainda mais nesse sentido. O balanço energético nacional de 2005 para 2006 apresentou o seguinte resultado:
A situação do Brasil é excepcional comparada à de outros países do mundo. A meta de países mais avançados, como a Suécia por exemplo, é chegar a 30% de energia renovável em décadas. Outros nem sequer cogitam dessa possibilidade. Mas o que é bom para o Brasil é bom ou possível para o mundo?
A energia renovável é solar As energias renováveis são oriundas do uso direto ou indireto da energia solar. A superfície da Terra recebe do Sol um fluxo contínuo de energia que é 8 mil vezes o consumo atual. A energia solar transforma-se em outros tipos de energia: em matéria vegetal pela fotossíntese, ventos, correntes marinhas, nuvens e rios, fontes inesgotáveis e abundantes de energia renovável. As energias eólica, fotovoltaica, hidrelétrica e os biocombustíveis, no que pesem suas qualidades ambientais, apresentam muitas desvantagens que limitam e limitarão seu emprego futuro e sobre as quais pouco se reflete: fraca densidade energética, intermitência e atraso tecnológico.
O fraco rendimento energético é característico na maioria das formas de energia renovável. Por unidade de superfície, as energias renováveis produzem muito pouco quando comparadas aos hidrocarbonetos e à energia nuclear. Uma central nuclear concentra uma potência de 1.500 megawatts (MW) em 10 hectares. Para gerar a mesma energia com a tecnologia hoje utilizada nas turbinas eólicas seriam necessários 187 quilômetros quadrados. A energia fotovoltaica exigiria 37.500 quilômetros quadrados em painéis solares! A opção hidrelétrica criaria um lago de 200 a 500 quilômetros quadrados. A média nacional das usinas é de 0,52 quilômetros quadrados inundados por MW. Usinas a fio d’água requerem áreas menores, mas são sensíveis à intermitência da produção. A usina de Jirau, no Rio Madeira (RO), inundará uma área de 258 quilômetros quadrados e terá um potencial de geração de 3.300 MW. A Usina de Belo Monte, no Rio Xingu (PA), atingirá uma potência total de 11.182 MW e terá um lago de 440 quilômetros quadrados.
Os reservatórios podem ser grandes emissores de gases de efeito estufa (CH4 e CO2) e o aproveitamento hidrelétrico, em todo o planeta, aproxima-se do limite explorável. É o que já ocorreu na Europa. Não há muito como expandir essa opção. Pela agroenergia (etanol, biodiesel, lenha e carvão) seria necessário cultivar, com a boa tecnologia, mais de 1.250 quilômetros quadrados. Em teoria. Na prática, muito mais.
Os limites da agroenergia
Outro problema sério das energias renováveis é a intermitência. Não estão disponíveis parte do dia, do mês ou do ano. Variam em função de meteorologia, luminosidade e disponibilidade de chuvas. A produção nunca é garantida. Painéis solares e eólicos fornecem, em média, apenas um quinto da potência instalada. A média de tempo efetivo de produção da agroenergia é 275 dias. A energia solar depende da duração dos dias e da nebulosidade. É difícil uma disponibilidade superior a 100 dias por ano. A energia eólica é muito variável e raramente ultrapassa os 100 dias/ano no total de horas de operação. A energia hidrelétrica depende da vazão dos rios e sua disponibilidade é da ordem de 150 dias. No pico da estação seca, o fluxo dos rios pode cair dramaticamente. Em usinas sem grandes reservatórios, a fio d’água, a geração é reduzida a 10% da potência original. No auge da seca, Tucuruí, no Rio Tocantins (PA), com potência instalada de 8.370 MW e um grande lago de 3 mil quilômetros quadrados, produz em média 2.200 MW, ou 26% da potência total. E uma rede elétrica não suporta mais que 30% de intermitência.
É difícil armazenar energia elétrica. Isso agrava os problemas de intermitência e ilustra a dificuldade da penetração da energia elétrica no mundo do transporte. Para armazenar 1 kWh numa bateria são necessários 30 quilos de chumbo. Hoje são 100 a 150 quilos de bateria para alimentar um carro com uma autonomia de pouco mais de 60 quilômetros. Melhor usar o etanol, aqui e no mundo inteiro. Somente investimentos em ciência e tecnologia tornarão as energias renováveis mais competitivas. Isso ocorreu no passado com o petróleo e a energia nuclear, e há algum tempo com a cana-de-açúcar. Soluções sustentáveis apontam para a combinação inteligente das formas de energia. Ainda é mais barato e sustentável economizar com racionalização do que gerar energia. No Brasil, a oferta está em torno de 51 mil MW e a demanda, puxada pelo crescimento da economia, vai a 53,5 mil MW. O desperdício e a ineficiência são superiores a 10%. A chave dessa solução não está no consumidor, que pouco pode fazer, e sim em sistemas mais sofisticados de produção e distribuição. É o chamado intelligrid que empresas energéticas da Europa começam estruturar em áreas de concessão. Ele otimiza as formas de energia renovável e não renovável disponíveis e os sistemas de geração durante o dia e a noite, nos diversos locais (indústrias, residências, áreas de comércio e lazer).
http://www.cartanaescola.com.br/edicoes/25/pouco-sustentaveis/
22 de abril de 2008
O alerta do general Heleno
O charivari aprontado em torno da conferência do general Augusto Heleno Pereira na Fiesp é bem um retrato da decadência da oposição ao governo Lula e de sua mídia. Até a “Veja”, que sempre foi a favor de dar a Amazônia para os americanos, ensaiou apoiar o general – cuja posição é a oposta: a de defesa da integridade territorial do país. Em resumo, porque o general apontou uma discordância com o governo Lula, os que detestam e odeiam tudo o que ele falou resolveram apoiá-lo. É melancólica uma oposição que só consegue se apoiar nos seus próprios adversários ideológicos – e cuja tática se resume, portanto, à mera e baixa intriga.
O presidente Lula, com justa razão, considerou o incidente “superado”. É certo que generais não são políticos ou diplomatas e, portanto, não têm o mesmo estilo dos políticos ou diplomatas. E o sentido das afirmações do general é, essencialmente, o de colaborar com o governo: “A política indigenista brasileira está completamente dissociada do processo histórico de colonização do nosso País. Precisa ser revista com urgência. Não estou contra os órgãos que cuidam disso, quero me associar para que a gente possa rever uma política que não deu certo até hoje, é só ir lá para ver que é lamentável, para não dizer caótica. Estou disposto a trabalhar com todo o meu pessoal para que o resultado seja diferente. Não é uma crítica destrutiva. É uma crítica construtiva”.
Nossa política indigenista, desde Rondon, sempre foi a de integrar progressivamente as populações indígenas. Até recentemente – mais precisamente, até o governo Collor – os índios eram considerados brasileiros sob a tutela do Estado, devido a suas especiais condições culturais.
Somente há poucos anos pretendeu-se considerar os indígenas não como parte do Brasil, mas como pertencentes a outras “nações”. Em entrevista posterior à conferência, o general Heleno citou a chamada “Declaração Universal dos Direitos dos Povos Indígenas”, que, entre outras coisas, diz: “Os indígenas têm direito à autodeterminação, de acordo com a lei internacional; as nações devem respeitar as formas políticas, sociais e jurídicas de cada povo indígena; os indígenas terão livres estruturas políticas, econômicas e sociais, especialmente seus direitos a terras, territórios e recursos; o Estado deve reconhecer a necessidade de desmilitarização das terras e territórios dos povos indígenas”. Evidentemente, isso configura um atentado à nossa soberania – embora, somente em tese, pois certamente não há como levar à prática tais preceitos, e certamente não é intenção do presidente Lula levá-los à prática. Mas, por isso mesmo, era melhor que não tivéssemos assinado tal documento.
O fato é que se nossos indígenas não são tutelados pelo nosso Estado, serão tutelados por outro Estado – ou seja, por um Estado estrangeiro. E já surgiram os candidatos a intermediários, com substituição do Estado brasileiro por Ongs estrangeiras dentro do nosso território.
É sobre isso o alerta do general Heleno: “Por que elas [as ongs estrangeiras] não se instalam onde não há jazidas minerais? Fica difícil entender porque pouquíssimas ONGs dedicam-se a socorrer a população nordestina enquanto centenas delas trabalham junto às populações indígenas. Algumas, ao que parece, investem milhões de dólares na região. É muita coincidência que o mapa das terras indígenas seja o mapa das riquezas do país”.
O general poderia acrescentar que existem índios em quase todo o país – até na cidade de São Paulo - mas essas ongs só aparecem onde existe riqueza no subsolo – ou, às vezes, no solo. Não há o que opor a “soberania e integridade do patrimônio nacional não têm discussão”. Como na frase de Sandino, “a soberania de um povo não se discute, só se defende de armas na mão”. E, realmente, é para isso que existem os generais do nosso Exército.
C.L. - HP
21 de abril de 2008
19 de abril de 2008
15 de abril de 2008
14 de abril de 2008
8 de abril de 2008
Crise mundial de crédito pode custar quase US$ 1 tri, diz FMI
Steve SchifferesDa BBC em Londres
O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou nesta terça-feira que potenciais perdas causadas pela crise mundial de crédito podem atingir até US$ 945 bilhões (cerca de R$ 1,8 trilhões).
O FMI afirma que as perdas registradas no mercado subprime (de crédito imobiliário de alto risco) estão se espalhando para outros setores da economia, como de propriedades comerciais, crédito ao consumidor e dívidas de empresas.
A instituição diz que houve um "colapso coletivo" para prevenir a concessão de empréstimos arriscados por parte das instituições financeiras.
O FMI também adverte que medidas duras e intervenção do governo podem ser necessárias.
O relatório do FMI de Estabilidade Global alerta que, "apesar da intervenção sem precedentes feita por grandes bancos centrais, os mercados financeiros continuam sob considerável pressão, agora com um ambiente macroeconômico mais preocupante e instituições mais fracamente capitalizadas".
Efeitos da crise
O FMI afirma que os efeitos da crise de crédito serão provavelmente "mais amplos, mais profundos e mais extensos" do que em recessões anteriores, devido ao grau de "securitização e equilíbrio do sistema financeiro".
A instituição culpa o sistema de regulação dos governos e a supervisão fraca feita por bancos, que teriam deixado a situação chegar a esse ponto.
O relatório foi divulgado em um encontro de líderes do sistema financeiro nos Estados Unidos.
O relatório faz duras críticas aos bancos e outras instituições financeiras, que teriam sido "complacentes demais" com os riscos de liquidez.
O sistema de administração de riscos dos bancos também teria falhado em detectar que os investimentos subprime não eram confiáveis o suficiente.
Mudanças
O FMI alerta que os bancos precisam se concentrar em equilibrar os seus balanços somando recursos e limitando empréstimos futuros.
Nos últimos dias, o secretário do Tesouro americano, Hank Paulson, e o diretor do FMI, Dominique Strauss-Kahn, pediram mudanças grandes na regulação de instituições financeiras nacionais e internacionais.
Paulson propôs uma grande remodelagem do sistema americano de regulação financeira, dando mais poder ao Federal Reserve – o banco central do país – para intervir na ajuda a bancos falidos.
Na segunda-feira, Strauss-Kahn disse que a necessidade de intervenção pública contra a crise de crédito está se tornando "mais evidente a cada dia".